Blair e Berlusconi falam sobre G8 e situação na Europa

Os primeiros-ministros da Itália, Silvio Berlusconi, e do Reino Unido, Tony Blair, examinaram hoje em Roma a agenda da próxima cúpula do G8 e analisaram a situação na União Européia (UE) e de países como Iraque e Afeganistão.

A rodada de hoje foi a primeira de uma série de encontros preparatórios de Blair para a reunião do G8 (os sete países mais desenvolvidos do mundo e a Rússia) que será realizada de 6 a 8 de julho em Gleneagles (Escócia), sob a presidência britânica.

Em entrevista coletiva após o encontro, os líderes destacaram a "unidade de pontos de vista" sobre questões fundamentais da Cúpula, como a mudança climática, o patamar de desenvolvimento na África e as ajudas européias ao continente.

"O objetivo é avaliar todos os problemas africanos em seu conjunto, não só a ajuda", disse Blair, que espera que a Cúpula consiga promover um acordo sobre o papel do G8 no futuro do continente africano.

O Reino Unido pretende que os países do Grupo se comprometam a apoiar a redução da dívida na África, além de uma reforma econômica do continente, algo em que "a Itália e o Reino Unido concordam", afirmou o líder britânico.

Além da agenda de Gleneagles, os governantes abordaram a atual situação e as perspectivas políticas e econômicas da UE, mas não quiseram falar sobre o plebiscito da Constituição Européia, que será realizado no próximo domingo na França, onde o "não" aparece como vencedor em todas as pesquisas.

"Disso será melhor falar depois da votação, porque corremos o risco de interferir em uma questão que só diz respeito aos franceses", disse Berlusconi.

No entanto, lembrou que "obviamente, a Itália está a favor do "sim", para fazer uma Europa mais forte e com maior participação no cenário mundial".

Consultado sobre uma eventual integração do Reino Unido na zona do euro, Blair afirmou que a posição britânica sobre a moeda única "não mudou". "É necessário que haja condições econômicas, e atualmente não há", disse o primeiro-ministro.

Berlusconi, por outro lado, lamentou a força da moeda européia com relação ao dólar e afirmou que isso prejudica as exportações da Europa e é, junto com as falsificações e a concorrência oriental, uma das principais causas das dificuldades que a indústria italiana atravessa.

Assim, os dois políticos concordaram na necessidade de implantar reformas econômicas na Europa para enfrentar os desafios da globalização, que só poderão ser superados com "a modernização das economias", disse Blair.

Os dois governantes examinaram além disso a situação no Iraque e no Afeganistão, dois países onde seus respectivos governos mantêm tropas, e reiteraram o compromisso com as duas missões.

"No Iraque estamos ajudando a criar um país democrático, e vamos acompanhá-los no caminho para fortalecer a capacidade dos iraquianos de enfrentar este processo", afirmou Blair.

No entanto, o primeiro-ministro do Reino Unido reconheceu que, "mais cedo ou mais tarde, o Iraque terá de enfrentar determinadas situações sozinho", sem fixar uma data para uma possível retirada das tropas britânicas do país.

Blair também destacou a "importância" da relação da Itália e do Reino Unido com os EUA, que tem nos dois países os principais aliados na Europa.

Após o encontro com Berlusconi, Blair deverá se reunir com os líderes dos outros membros do G8, por isso, nos próximos dias viajará para Washington, Moscou, Paris e Berlim, e debaterá com os líderes do Canadá e do Japão por videoconferência.