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Internacional
Terça - 24 de Maio de 2005 às 23:44

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O que na Argentina é chamado de "estilo K", que oscila entre a transgressão e o confronto, permitiu ao presidente do país, Néstor Kirchner - que na quarta-feira chega à metade de seu mandato de quatro anos -, estabilizar a situação política e reconstruir o desvalorizado poder presidencial.

Apesar de Kichner ter chegado à presidência com apenas 22% dos votos, em 25 de maio de 2003, este ex-governador da província de Santa Cruz (sul) tem hoje uma imagem positiva junto a 79% da população, segundo uma pesquisa recente. No "estilo K", como a conduta de Kirchner foi apelidada pela imprensa local, convergem desde o tratamento direto com o povo e a rejeição às desprestigiadas estruturas partidárias, até o desinteresse pelas questões protocolares e a arrogância com chefes de Estado e empresários.

Sem deixar de destacar as vantagens, alguns analistas consideram que, com esta forma de exercer o poder, Kirchner debilitou o sistema institucional argentino. A oposição, por outro lado, o acusa de ter uma "profunda vocação hegemônica".

Nestes dois anos, o governante fez da defesa dos direitos humanos um dos eixos centrais de sua gestão, promoveu uma política externa focalizada na região e realizou uma profunda renovação na questionada Suprema Corte de Justiça.

Kirchner sucedeu Eduardo Duhalde, que governou a Argentina provisoriamente em meio à grave crise do país após a explosão social que, no fim de 2001, levou à renúncia de Fernando de la Rúa, eleito dois anos antes.

Segundo o analista Rosendo Fraga, "Kirchner reconstituiu o poder presidencial, em crise entre 2001 e 2002", mas ao mesmo tempo exerceu um "hiperpresidencialismo" que o levou a fazer "um uso do decreto de urgência sem precedentes na história".

"Esta situação aconteceu apesar de o Partido Justicialista (peronista), ao qual o presidente pertence, contar com a maioria nas duas câmaras do Parlamento", ressaltou Fraga.

Já o analista Roberto Bacman disse que "é preciso considerar que quando Kirchner assumiu, era difícil governar com parte da dívida pública em moratória e um crescimento econômico inexpressivo, que condicionaram seu estilo".

"O presidente se colocou no centro da cena como um boxeador que não permite que os oponentes dominem a luta. 'Onde tocamos, há pus', disse logo após chegou ao poder. Então, introduziu o bisturi", explicou à EFE.

As polêmicas protagonizadas por Kirchner envolveram o FMI, "as corporações", a Igreja católica, os militares e o Brasil.

Ao mesmo tempo, ele aproveitou as oportunidades que teve para romper o protocolo e se misturar com o povo, o que, no primeiro dia de mandato, lhe valeu uma ferida na testa.

"O 'estilo K' serviu para conseguir algo inédito na Argentina, que é um presidente com uma imagem positiva de 79%, mais alta do que os 63,7% de aprovação de sua gestão", destacou Bacman, diretor do Centro de Estudos de Opinião Pública, que mediu a popularidade de Kirchner.

Para Elisa Carrió, uma das principais líderes da oposição, este estilo demonstra que "existe em Kirchner uma profunda vocação hegemônica que não permite que tenhamos uma república, ao que se soma a falta de liberdade de expressão".

Assim que chegou à presidência, o governante renovou a cúpula das Forças Armadas e deu um firme impulso ao esclarecimento dos crimes cometidos durante a ditadura militar (1976-1983).

O mal-estar militar piorou quando Kirchner decidiu transformar o lugar onde funcionou a maior prisão clandestina da ditadura num "Museu da Memória" e ordenou a retirada dos retratos de dois líderes daquele regime do Colégio Militar.





Fonte: EFE

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