Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Terça - 24 de Maio de 2005 às 22:10

    Imprimir


O Exército Republicano Irlandês (IRA) ainda recruta e treina voluntários em práticas terroristas, uma situação que dificulta o avanço do processo de paz na Irlanda do Norte, confirmou nesta terça-feira o último relatório da Comissão Internacional de Controle (IMC, na sigla em inglês).

Segundo a IMC, que superviona as atividades dos grupos terroristas do Ulster, o IRA também está "profundamente" envolvido em atos criminosos como contrabando de tabaco e combustível e em redes de lavagem de dinheiro.

Além disso, o relatório, divulgado pelos governos britânico e irlandês, indica que membros do grupo terrorista são os responsáveis pelo assassinato do norte-irlandês Robert McCartney, apunhalado em janeiro na saída de um pub de Belfast, embora se descarte que a direção do IRA tenha autorizado a ação.



Esta análise da trégua decretada pelo IRA em 1997 reforça a opinião de Londres e Dublin, que identificam o grupo como o principal obstáculo para a restauração da autonomia da província, suspensa desde outubro de 2002 por um suposto caso de espionagem da organização terrorista em escritórios governamentais.

A IMC elogiou, no entanto, o fato de o IRA ter aberto um processo de debate interno sobre o seu futuro.

O processo começou após a oferta do presidente do Sinn Fein (braço político do IRA), Gerry Adams, que pediu, no dia 6 de abril, que o grupo terrorista deixe a luta armada e adote a via política.

Enquanto as partes envolvidas no processo de paz aguardam a decisão do IRA, o Sinn Fein reiterou hoje o compromisso de seu braço armado com o processo de paz e criticou as conclusões de um relatório ao qual atribuiu "muito pouca credibilidade".

O parlamentar do Sinn Fein Alex Maskey lembrou que a Comissão é um "instrumento" a serviço das agências de espionagem britânicas na Irlanda do Norte e que foi criada por Londres e Dublin para "discriminar" o partido.

A IMC também advertiu que o IRA ainda pode reiniciar uma "campanha" militar contra as forças de segurança norte-irlandesas e britânicas, mas acha que o grupo não tem a intenção de romper a trégua decretada há nove anos.

O chefe da polícia da Irlanda do Norte, Hugh Orde, disse que o fracasso, em dezembro, das conversações de paz com os governos britânico e irlandês não é razão suficiente para que o IRA ponha fim a seu cessar-fogo.

As negociações fracassaram no último momento porque o majoritário Partido Democrático Unionista (DUP), do reverendo Ian Paisley, se recusou a participar com o Sinn Fein do governo de poder compartilhado entre católicos e protestantes, em função da negativa do IRA de fotografar seu último ato de desarmamento.

Em reação ao relatório, o ministro britânico para a Irlanda do Norte, Peter Hain, pediu que o IRA pare com a violência para que o processo de paz possa ser retomado.

"O IRA deve ser claro sobre o fim da atividade paramilitar e criminosa", afirmou Hain, ao pressionar o grupo a adotar uma postura "definitiva e confiável".

O governo irlandês considerou "perturbadora" a análise da Comissão sobre o estado da trégua decretado pelo IRA há nove anos.

Em um comunicado, Dublin destacou que o processo de paz no Ulster só avançará se os grupos paramilitares que operam na província cumprirem o acordo da Sexta-Feira Santa (1998) e concluírem o desarmamento.

"As conclusões do relatório revelam a existência de uma situação perturbadora, a contínua atividade criminosa dos grupos paramilitares, tanto republicanos como unionistas", diz a nota.

De fato, o texto da IMC afirma que a Associação para a Defesa do Ulster (UDA), a maior força paramilitar protestante da província, também está envolvida em um grande número de atividades criminosas.





Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/337928/visualizar/