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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Terça - 24 de Maio de 2005 às 20:50

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O primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, rejeitou nesta terça-feira as críticas da China a suas visitas a um polêmico templo que Pequim considera símbolo do imperialismo japonês.

Em declarações à imprensa, Koizumi acusou o governo chinês de alimentar as tensões entre os dois países. Além disso, ressaltou que visitará o templo xintoísta de Yasukuni, em Tóquio, sempre que achar necessário e que as críticas chinesas não influenciarão sua decisão.

"Tomarei a decisão que for apropriada", afirmou Koizumi, incomodado com a crítica feita ontem pela vice-primeira-ministra da China, Wu Yi, que saiu de Tóquio às pressas depois de cancelar uma reunião com o primeiro-ministro japonês solicitada há dias por Pequim.

Segundo o Ministério de Assuntos Exteriores da China, o cancelamento da reunião foi provocado por declarações de Koizumi e outros líderes japoneses de que eles continuariam visitando o templo de Yasukuni.

Em Yasukuni são homenageados 2,5 milhões de japoneses que morreram em conflitos bélicos entre 1853 e a II Guerra Mundial.

No entanto, ali também se encontram, desde 1978, os restos de 14 criminosos de guerra executados no fim da II Guerra.

Desde que assumiu o cargo na primavera de 2001, até um ano e meio atrás, quando realizou sua última visita, Koizumi foi regularmente ao templo de Yasukuni, apesar dos protestos da China e da Coréia do Sul.

As conseqüências foram a suspensão das visitas de Estado entre Pequim e Tóquio e a limitação das reuniões bilaterais a encontros em cúpulas internacionais.

Na semana passada, no meio da visita de Wu, Koizumi voltou a dizer que visitaria Yasukuni quando fosse necessário, inclusive este ano. No entanto, segundo ele, a visita teria motivações pessoais, e não políticas.

Koizumi afirmou que sempre teve a intenção de expressar seu respeito particular aos japoneses mortos em combate, e não aos criminosos de guerra.

Sobre o cancelamento de sua reunião com Wu, o primeiro-ministro foi categórico sobre quem é o responsável por este novo atrito.

"Eu disse que iria à reunião. Não fui eu quem a cancelou", destacou Koizumi, que acusou as autoridades chinesas de alimentar o conflito entre Pequim e Tóquio.

O ministro de Assuntos Exteriores do Japão, Nobutaka Machimura, também criticou hoje o cancelamento da reunião entre Wu e Koizumi e a partida repentina da chinesa. Além disso, exigiu que Pequim se desculpasse por este comportamento.

Segundo o ministro japonês, "infelizmente, parece que há uma distância considerável" entre as afirmações chinesas sobre a necessidade de estreitamento dos laços e "as atitudes que Pequim toma".

Machimura se referia ao pedido do ministro de Assuntos Exteriores da China, Li Zhaoxing, para que fosse acertado o encontro da vice-primeira ministra com Koizumi.

O pedido aconteceu no dia 7 de maio, quando os dois ministros se reuniram no fórum Ásia-Europa realizado em Kioto, no Japão.

O atrito de Yasukuni foi alimentado pelos milhares de chineses que protestaram nas ruas das principais cidades do país, em abril, em violentas manifestações que acabaram com a destruição de propriedades japonesas e ataques a representações do Japão na China.

Tais manifestações foram provocadas pela publicação de vários livros japoneses nos quais, segundo a China e a Coréia do Sul, apresenta-se uma visão distorcida da atuação do Japão e dos abusos cometidos por suas tropas durante a invasão a estes dois países na primeira metade do século XX.

Os meios políticos e jornalísticos do Japão acusaram as autoridades chinesas de orquestrar esses protestos e de criticar o passado imperialista japonês, enquanto ocultavam as atrocidades cometidas por Pequim no Tibete e sua responsabilidade em conflitos como o da Coréia, do Vietnã e do Camboja.

Embora a China seja o principal parceiro comercial do Japão, com cerca de 170 bilhões de dólares de trocas, nos últimos tempos a rivalidade entre os dois gigantes asiáticos foi agravada, não só no terreno econômico, mas também no da segurança regional.

O Japão apóia Taiwan contra a China, que, por sua vez, acusa Tóquio de buscar uma nova supremacia na Ásia com um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.





Fonte: EFE

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