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Internacional
Segunda - 23 de Maio de 2005 às 12:10

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O chanceler alemão, Gerhard Schröder, decidiu apostar todas as suas fichas diante do pouco apoio de suas reformas sociais e, com a convocação de eleições antecipadas, tentará tudo ou nada.

"A pergunta é muito fácil: queremos saber se o andamento das reformas tem ou não o apoio da população", resumiu nesta segunda-feira o porta-voz do governo, Bela Anda.

Tanto Anda como o presidente do Partido Social-Democrata (SPD), Franz Müntefering, afirmaram que o governo não alterará seus projetos de reformas, apesar de serem as causas do descontentamento popular.

Müntefering explicou que é preciso fazer uma clara diferenciação entre os programas da coalizão social-democrata-verde e da oposição conservadora e liberal.

Em um "manifesto eleitoral" que o SPD submeterá ao voto de um congresso extraordinário antes das eleições, o partido colocará ao cidadão a opção entre uma "economia social de mercado", com o conceito "social" em maiúsculas e o "radicalismo mercantil" da oposição, disse Müntefering.

O líder social-democrata anunciou que seu partido vai se concentrar em três objetivos durante a campanha eleitoral: defender o progresso social; explicar que é correto manter a Agenda 2010, que estabelece as reformas sociais; e expor o papel da Alemanha no mundo, como potência pacifista.

Müntefering evitou falar explicitamente sobre a continuidade da atual coalizão com os verdes, algo que Schröder e o ministro de Exteriores e vice-chanceler, Joschka Fischer, já tinham feito quando ainda se falava de eleições em 2006.

Nesta segunda-feira, o líder social-democrata se limitou a afirmar que o objetivo principal é sair como primeira força e que, se a maioria permitir, a coalizão deverá ser mantida.

Alguns analistas, como o professor de ciência política Franz Walter, não querem excluir a possibilidade de uma grande coalizão com os democratas-cristãos, um modelo que poucos eleitores aprovam, mas que poderia colocar a cidadania como melhor opção para levar adiante o difícil processo de reformas.

"Se o SPD pudesse continuar governando em grande coalizão, Müntefering estaria a favor... Ele quer o poder", afirmou Walter em declarações publicadas nesta segunda-feira no jornal Der Tagesspiegel.

Os observadores políticos coincidiram em afirmar que um dos motivos que levou Schröder a antecipar as eleições é evitar uma revolta vinda da corrente de esquerda do SPD, que há muito tempo vem pedindo moderação nas reformas.

Alguns expoentes desta corrente se fizeram notar imediatamente ao pedir ao governo uma mudança de rumo e para recuar em algumas das reformas trabalhistas e sociais. No entanto, resta esperar que o objetivo comum de ganhar as eleições obrigue os partidários a seguir a disciplina de partido.

Alguns especialistas são da opinião de que a coalizão governamental fracassou também por causa da paralisia no Bundesrat, a câmara de representação regional em que a oposição tem a maioria, o que lhe permite bloquear muitos dos projetos do Executivo.

Apesar de Müntefering ter dito que esta situação de bloqueio era um dos motivos que levaram à antecipação das eleições, a correlação de forças no Bundesrat não depende das eleições gerais, e sim de cada uma das regionais.

Alguns comentaristas ironizavam a argumentação de Müntefering e afirmavam que a melhor forma para conseguir uma situação de maioria idêntica nas duas câmaras era votando nos conservadores nas eleições gerais.

Enquanto isso, a União Democrata-Cristã (CDU) discute a questão da candidatura, e tudo leva a crer que o adversário de Schröder nas eleições será a presidente do partido, Angela Merkel, cujas aspirações a se tornar a primeira mulher a concorrer à Chancelaria foram reforçadas pela vitória na Renânia do Norte-Westfália.





Fonte: EFE

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