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Segunda - 23 de Maio de 2005 às 07:06
Por: Rose Domingues

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Bairros de classe média e média alta têm maior número de devedores do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). Só na Morada da Serra, das 8.322 inscrições, a prefeitura não contabilizou o pagamento de 7.236, uma inadimplência de 87%. A dívida do bairro ultrapassa R$ 4 milhões e é a segunda mais alta da Capital, perde apenas para o bairro do Porto. No bairro Santa Rosa, onde pessoas de classe alta moram em mansões, a inadimplência chega a 47%.

Assim como diz o ditado popular, o bom pagador nem sempre é o que tem mais dinheiro. Mas em se tratando de IPTU, poucos moradores da Capital pagam. Seja pobre ou rico, ao analisar a dívida de pelo menos 132 bairros, percebe-se que o número de devedores é muito maior que o de bons pagadores. Para o secretário de Finanças de Cuiabá, José Bussiki, o fato se deve à cultura tributária do país, que faz o brasileiro se sentir penalizado com os vários impostos diretos ou indiretos.

Na mentalidade da maioria da população, melhor mesmo é "dar um jeitinho" de não pagar ou de "protelar" a contribuição. Como geralmente os serviços públicos, como educação, saúde, saneamento e segurança, são precários, os contribuintes não enxergam motivos para continuar financiando o poder público, Por outro lado, a inadimplência dos contribuintes acaba se transformando em discurso do poder público para não dar conta de oferecer bons serviços à população. É um jogo do empurra-empurra.

Um exemplo de quem paga, mas critica a utilização do dinheiro, é o do cobrador de ônibus Adelson Duarte, 53. Ele mora no bairro Santa Izabel e está entre as 156 pessoas que já pagaram o IPTU desse ano. O total de inadimplentes na localidade chega a 1.180 e o percentual de devedores a quase 90%. O valor médio do imposto no bairro é de R$ 50.

"Gosto de pagar tudo em dia, porque é meu nome que está ali, meu nome é tudo que tenho, por isso tento preservar ele, não gosto que ninguém venha aqui em casa me cobrar, isso me envergonha". Por outro lado, Duarte prefere nem pensar para onde está indo o dinheiro. "Essa contribuição não está voltando para mim, nem para minha família. Olha para minha rua, o asfalto é ruim, o bairro é violento, não posso contar com o posto de saúde que vive lotado. Aí eu pergunto: por que pagar imposto? A gente paga porque é obrigado", critica Duarte, que mudou-se com a mulher e seis filhos para a Capital, há cerca de 10 anos.

Não há como negar: o pagamento do imposto está relacionado com a confiança na gestão pública. A troca nas administrações, no início de esse ano fez muitas prefeituras de Mato Grosso aumentaram a arrecadação e a prefeitura de Cuiabá foi uma delas, que já superou a meta de 33% de arrecadação para o ano inteiro, nos primeiros quatro meses de 2005.




Fonte: A Gazeta

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