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Sábado - 21 de Maio de 2005 às 17:55
Por: André Bernardo

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Ator é um eterno insatisfeito. Os que só interpretam mocinhos fazem de tudo para conquistar um papel de vilão. Outros, como Gabriel Braga Nunes, que só recebem papéis de vilão, acham que bom mesmo é ser o herói da história.

"Minha carreira é marcada por tipos com graves defeitos de caráter. Já me perguntei o porquê disso. Não quero acreditar, mas devo ter cara de vilão ou algo parecido", diverte-se o ator.

Mas além de interpretar um bom sujeito, outros motivos levaram Gabriel Braga Nunes para a Record. Um deles foi a possibilidade de ser, pela primeira vez, o protagonista da trama, como o romântico Fernando Seixas, de Essas Mulheres. O outro foi a chance de voltar para São Paulo, sua cidade natal, depois de oito anos no Rio.

Mas os tipos torpes acompanham o ator antes mesmo de mudar-se para o Rio para trabalhar na Globo. Logo na sua estréia na tevê, fez o "bad-boy" Mário de Razão de Viver, novela exibida pelo SBT em 1996. Depois disso, fez ainda o corrupto Olavo Ferraz de Anjo Mau, o adúltero Augusto de Terra Nostra o malévolo Victor de O Beijo do Vampiro.

Fernando, ao contrário, está acima de qualquer suspeita. Extraído do romance Senhora, escrito por José de Alencar em 1875, é um jovem romântico que nutre fervorosa paixão por Aurélia, personagem de Christine Fernandes. Mesmo assim, aceita casar-se com a endinheirada Adelaide, de Adriana Garambone, para salvar a família da bancarrota.

"Naquela época, era comum acertarem casamentos de acordo com as posses de cada família. Os valores morais de 1873 são diferentes dos de 2005. É preciso dar um desconto histórico ao personagem", intercede.

O convite para atuar em Essas Mulheres marca a volta de Gabriel à Record, emissora onde ele atuou em 1997, quando fez a minissérie Por Amor e Ódio.

"O que mais chamou a minha atenção foi a qualidade, não só técnica, mas, humana. E o mérito é todo do Flávio. No elenco, são todos atores. Não há afins", enfatiza, referindo-se ao diretor Flávio Colatrello Jr.

Na verdade, Gabriel já havia sido convidado para Essas Mulheres antes mesmo de Colatrello assumir a direção da novela em lugar de Herval Rossano. Na dúvida, ponderou bastante antes de trocar de emissora.

"Confesso que demorei a me decidir. Fazer a novela implicaria abrir mão de alguns projetos no cinema e no teatro. Infelizmente, não deu para conciliá-los", lamenta.

Quem ficou feliz com a decisão do rapaz foi sua mãe, a atriz Regina Braga. Mais que depressa, passou a mão no telefone e convidou o filho para morar com ela em São Paulo. Ele agradeceu a preocupação da mãe, mas disse que preferia ficar mesmo em um "flat".

"Sempre que vou a São Paulo, fico na casa dela. Mas visitar é uma coisa, morar é outra, completamente diferente", entrega.

Na verdade, Gabriel tem tido pouco tempo livre para se preocupar com outros assuntos que não os relacionados ao trabalho. "É a primeira vez que pego um personagem desse tamanho. Quando chegou o primeiro bloco de capítulos, pensei: 'Meu Deus, será que vou conseguir decorar isso tudo?'", recorda.

Antes do início das gravações, Gabriel até pensou em dar uma olhada no livro Senhora, que leu, pela primeira e última vez, no cursinho pré-vestibular. Mas desistiu da empreitada quando começaram a chegar os primeiros blocos de capítulos.

Apesar de Essas Mulheres ser um autêntico trabalho de época, o ator achou pertinente rever o filme Closer ¿ Mais Perto, de Mike Nichols, que fala sobre a história de dois casais cujas vidas se entrelaçam quando um dos homens se apaixona pela mulher do outro.

"O Fernando tem um pouco dos dois homens do filme. Às vezes, ele é doce e sensível como o personagem do Jude Law. Outras, é viril e provedor como o do Clive Owen", observa.

Curiosamente, Gabriel já foi apontado, algumas vezes, como o "sósia brasileiro" do americano Jude Law. "No começo, nem me achava assim tão parecido. Mas, quando vi O Talentoso Ripley, fiquei impressionado. Pensei: 'Meu Deus, o que estou fazendo ali?'", brinca.

Tipos estranhos O ator Gabriel Braga Nunes não é do tipo que leva personagem para casa. Em vez de sofrer horrores com as maldades praticadas por eles em cena, prefere extrair o que há de melhor em cada um para si. Mas o que de bom pode haver, por exemplo, no Olavinho, de Anjo Mau? Um político corrupto e mau-caráter, que gostava de passar a perna em todo mundo?

"Antes de fazer Anjo Mau, era completamente tímido e gago. Como era um sujeito bem relacionado socialmente, o Olavinho me ajudou a lidar melhor com situações meio desconfortáveis", tenta explicar.

Já Victor, o sanguessuga bonitão de O Beijo do Vampiro, ajudou o ator a se tornar um sedutor mais "voraz e consumidor". "Na época, todo mundo vivia me pedindo mordidas no pescoço. Nunca levei tanta puxada de cabelo na vida", recorda, bem-humorado.

Prestes a completar 10 anos de tevê, Gabriel sabe que o assédio do público varia de acordo com o personagem que interpreta no momento. Quando fez Terra Nostra na qual Augusto se dividia entre duas mulheres, cansou de ser cumprimentado nas ruas por homens que diziam que ele estava "honrando" a raça. Já as mulheres limitavam-se a fuzilá-lo com olhares insidiosos, como se dissessem: "Você, hein, tô sabendo!".

"O Augusto, verdade seja dita, era justo e íntegro. Infelizmente, possuía esse deslize moral sério. Aos olhos do brasileiro, não era propriamente um cara do Bem, né?", pondera. Hoje, Gabriel se dá ao luxo de interpretar um tipo parecido com ele. A exemplo de Fernando, também se considera um cara romântico. "A maior loucura de amor que já fiz foi ter febre. Febre de paixão. Romântico, não?", ironiza.

Instantâneas # Por pouco, Gabriel Braga Nunes não nasceu em cima de um palco. Sua mãe, Regina Braga, encenou a peça E Se a Gente Ganhar a Guerra?, de Mário Prata, em 71, grávida de Gabriel.

# Filho da atriz Regina Braga e do diretor Celso Nunes, Gabriel pensou em seguir a carreira de guitarrista. Na adolescência, teve quatro bandas de punk rock: Ovni Som, Úlcera Rock, Anjos de Vidro e Maria.

# Aos 17 anos, Gabriel Braga Nunes trocou a música pelo teatro. Incentivado por uma namorada que estudava Artes Cênicas em Campinas, resolveu também se matricular na Unicamp.

# Formado em Artes Cênicas pela Unicamp, Gabriel fez também cursos de interpretação e melodrama nos seis meses em que morou em Londres, na Inglaterra. # Gabriel Braga Nunes já foi casado três vezes, em uma delas com a atriz Karine Carvalho.





Fonte: Terra

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