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Internacional
Sábado - 21 de Maio de 2005 às 16:40

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A comunidade sunita iraquiana, que se sente marginalizada e encurralada pelos xiitas, começou a se mobilizar para conseguir maior participação na transição e afastar o fantasma de um eventual conflito.

O fim de semana islâmico foi especialmente ativo para os sunitas no Iraque: na sexta-feira a comunidade optou por uma inédita "greve de mesquitas", em protesto pela ação repressiva da Polícia. Hoje, decidiram criar uma nova frente para defender seus direitos, em particular na redação da nova Constituição.

Sob forte esquema de segurança, mais de 150 chefes tribais, clérigos e políticos independentes se reuniram em um hotel de Bagdá para criar um novo partido, o "Aliança Unida Sunita".

"Anunciamos hoje o nascimento da nova Aliança Unida Sunita, cujo objetivo é achar um espaço na arena política iraquiana para defender os direitos dos sunitas, sejam de origem árabe, turcomana ou curda", disse Adnan al-Duleimi, eleito porta-voz do grupo.

O nome já pode ser considerado uma declaração de intenções: fazer frente à supremacia da "Aliança Unida Xiita", plataforma que no dia 30 de janeiro venceu as eleições e à qual pertence o primeiro-ministro, Ibrahim al-Jaafari.

Al-Jaafari demorou cerca de três meses para formar o atual gabinete, que embora inclua vários ministros sunitas - em uma tentativa de driblar o conflito - não satisfez a comunidade, que representa 20 % dos iraquianos.

O problema começa, no entanto, na decisão dos sunitas de boicotar as eleições.

O clima de desencontro entre as duas comunidades religiosas mais fortes do Iraque se agravou nos últimos dias, depois que os sunitas denunciaram uma suposta campanha policial de repressão contra clérigos do grupo.

Representantes sunitas acusaram o Ministério do Interior de ordenar o seqüestro, a tortura e o assassinato de dezenas de seus correligionários e imames de mesquitas, e exigiram a demissão do ministro, Bayan Jabr.

O governo negou que exista uma perseguição sistemática aos sunitas, ao ressaltar que as detenções de alguns clérigos foram realizadas porque os mesmos motivavam a população para a insurgência.

A maioria dos grupos insurgentes se identificam como sunitas.

"A ausência dos sunitas da arena política é aproveitada por outros para monopolizar o processo de paz" no Iraque, se queixou hoje Tariq Al Hachemi, secretário-geral do Partido Islâmico sunita, grupo ligado ideologicamente ao movimento dos Irmãos Muçulmanos.

Durante a reunião de hoje, Bakr Al Qubaisi, delegado da Associação de Decanos Muçulmanos, um dos grupos sunitas de referência no Iraque disse que os sunitas devem se concentrar na construção de um Iraque unido.

"Devemos denunciar contra qualquer ação que tente acender o conflito sectário no país", acrescentou.

O primeiro-ministro iraquiano tratou de acalmar os ânimos, ordenando que alguns clérigos detidos fossem libertados e afirmou que o país não caminha para uma guerra civil.

Enquanto xiitas e sunitas se enfrentam na frente política, a violência no Iraque continua.

Pelo menos cinco soldados iraquianos morreram e 11 pessoas ficaram feridas hoje, em um ataque da insurgência contra um comboio militar na zona de Baiji, 180 quilômetros ao norte de Bagdá.

Segundo o Ministério da Defesa, a caravana militar, integrada por cerca de 100 homens, ia da capital para Mossul (norte) quando caiu em uma emboscada e virou alvo de tiros.

Os insurgentes usaram armas leves e lança-granadas ARPG no ataque, que foi dispersado depois por efetivos da Guarda Nacional Iraquiana que viajavam no comboio.



As novas forças de Segurança iraquianas são um dos alvos prioritários dos insurgentes, que acusam policiais e militares de "colaboracionismo".





Fonte: EFE

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