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Sábado - 21 de Maio de 2005 às 14:13
Por: André Bernardo

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Até pouco tempo, tudo não passava de uma brincadeira. Imitar pessoas famosas, como apresentadores de tevê, presidentes da República e locutores esportivos, era apenas um dos trunfos de humorísticos como Show do Tom, da Record, Pânico na TV, da Rede TV!, e Casseta & Planeta, Urgente!, da Globo.

Até que Tom Cavalcante parodiou não apenas o apresentador Silvio Santos, mas também diversos programas do SBT, como Gente que Brilha e Qual é a Música?. O objeto da paródia, porém, não achou lá muita graça da piada. Principalmente porque o Qual Era a Música? da Record, começou a angariar pontos no ibope, extraídos em grande parte do próprio SBT.

Logo, a brincadeira ganhou um tom nada jocoso. Silvio Santos ameaçou entrar na Justiça se a Record não suspendesse a produção do Qual Era a Música?, sob a alegação de que ainda paga os direitos autorais do original norte-americano.

Na mesma hora, o diretor do Show do Tom, Vildomar Batista, mudou o nome do quadro para Jogo da Música. Em vão. Para Vildomar, que trabalhou por 10 anos no SBT, os motivos que levaram o ex-patrão a acionar a Record foram outros.

"Antes de estrear o quadro, cheguei a ligar para o Silvio e avisá-lo. Ele me disse que não tinha problema. O que ele não esperava é que o quadro fosse dar 10 de audiência", apimenta o diretor. Esses 10 pontos significaram o segundo lugar na audiência, o que empurrou para terceiro o programa Fora do Ar, do próprio SBT

Por via das dúvidas, Wellington Muniz, o Ceará, que imita o apresentador Silvio Santos no Pânico na TV, tratou de tomar algumas providências antes que sobrasse para ele também.

Ao lado do inseparável Repórter Vesgo, esperou o apresentador do SBT sair do salão do cabeleireiro Jassa para pedir autorização para imitá-lo na Rede TV!. "Sempre ouvi que o Silvio gostava da minha imitação, mas nunca tive certeza disso. Jamais imitaria uma pessoa que não tivesse a importância dele", bajula Ceará. A propósito, Silvio autorizou a imitação, mas por prazo determinado: dois anos.

Mesmo sob o recorrente pretexto da homenagem, muita gente não gosta de ser imitada em público. Clodovil é um deles. Durante sua conturbada passagem pela Rede TV!, o estilista torcia o nariz para as brincadeiras que Ceará, com sua dentadura postiça e peruca branca, fazia com ele.

"Não tenho nada contra eles, mas acho um desrespeito o que fazem. Podem tirar sarro do vizinho, mas não da própria família", protestou, na ocasião.

Na Record, desconfiava-se também que Roberto Justus não aprovava a paródia que Tom Cavalcante fez para o O Aprendiz. O publicitário, porém, jura que nunca implicou com Tompete Justus, nem com O Infeliz. "A única recomendação que fiz foi para não colar a sátira do Tom no final do meu programa. Não gostaria que os candidatos demitidos se sentissem desrespeitados", explica Justus.

Exceções à parte, a grande maioria dos "imitados" parece se sentir lisonjeada por seus "imitadores". Como Netinho de Paula, do Domingo da Gente, da Record. Atualmente, ele é satirizado por Vinícius Vieira no quadro Dia de Pobreza, do Pânico na TV. "Ele poderia imitar qualquer um. Por que, então, logo eu? É sinal de que gosta de mim. Se bobear, é até meu fã", gaba-se.

Há quem também não só gosta de ser imitado, como também dá sugestões para o imitador. Esse é o caso de Glória Maria, que vira Chicória Maria nas imitações de Hélio de la Peña, do Casseta & Planeta, Urgente!. "A imitação só não é melhor porque não tenho os olhos verdes do Hélio. Mas já estou pensando em adotar lentes de contato", diverte-se a âncora do Fantástico.

Dos "cassetas" que fazem imitações na tevê, Hubert talvez seja um dos mais requisitados. Intérprete do Gavião Bueno, Viajando Henrique Cardoso e Xô Soares, entre outros, garante que os atores da Globo gostam de ser satirizados porque o programa funciona como uma espécie de "termômetro" para o sucesso desse ou daquele personagem.

"Tenho a impressão que, se pudesse, muita gente pagava para aparecer no Casseta", exagera. Hubert só lamenta a impossibilidade de estender a veia satírica do grupo a "vítimas" de outras emissoras. "Isso a gente deixa para o pessoal do Pânico", conforma-se.

Cartão de visitas Muitos humoristas começam na profissão fazendo imitações. Com Wellington Muniz, o Ceará, não foi diferente. Antes de virar o Silvio Santos da Rede TV!, já fazia shows de humor em churrascarias e casas noturnas de Fortaleza. Quando mudou-se para São Paulo, em 1997, foi chamado por Emílio Surita para integrar a Turma do Pânico, na Jovem Pan. Por sugestão do próprio Surita, que o viu em um show na capital paulistana, passou a usar a dentadura da imitação do Anderson, do Molejo, em todas as suas paródias, como de Clodovil e Dercy Gonçalves. "Virou a minha marca", frisa.

Companheiro de Ceará no Pânico na TV, Vinícius Vieira já trabalhava como locutor na Jovem Pan, quando tirava a hora de almoço para fazer imitações e contar piadas. Emílio Surita sugeriu então que ele imitasse Alexandre Frota, então integrante da Casa dos Artistas, do SBT, e passasse trotes para os ouvintes da rádio. O sucesso foi tanto que Vinícius começou a emendar uma imitação na outra. E assim surgiram, entre tantos, Gluglu e Quietinho. "A caracterização é sempre a parte mais difícil. Na do Faustão, por exemplo, a roupa é quente para danar. Já na do Netinho, tenho de pintar a cara toda. Não é mole, não!", resmunga Vinícius.

A exemplo de Wellington e Vinícius, Tom Cavalcante também conseguiu sua primeira chance na tevê por conta de sua habilidade em fazer imitações e compor tipos. Foi durante um jantar em Fortaleza, onde Chico Anysio excursionava com seu show, que o cantor Raimundo Fagner falou do talento de Tom para imitar bêbados.

"Nem terminei a primeira piada e o Chico já caiu na gargalhada. Entrei no ar em 15 dias", lembra o humorista, que estreou João Canabrava, um típico pinguço que narrava partidas de futebol, no extinto A Escolinha do Professor Raimundo, em 1991.

Instantâneas # Atualmente, o Show do Tom exibe, às quartas-feiras, o Xô, Calouro!, uma sátira ao extinto Show de Calouros, do SBT, com direito à participação de Pedro de Lara e Sônia Lima.

# Vinícius Vieira alterna dois personagens no Pânico na TV. Além de fazer o Quietinho no Dia de Pobreza, em que parodia o Dia de Princesa, do Domingo da Gente, satiriza também Alexandre Frota no Dia de Macho.

# O estilista Ronaldo Ésper, que substituiu Clodovil no A Casa é Sua, da Rede TV!, também ganhou paródia no Superpop: Rosnando Vespa. A sátira é do humorista Wesley Crespo.

# O Pânico na TV do domingo, dia 14, mostrou a implacável perseguição de Silvio Santos e Repórter Vesgo ao "verdadeiro" Silvio Santos, atrás da autorização para imitá-lo. O programa rendeu 9 pontos de média e 16 de pico.





Fonte: TV Press

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