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Internacional
Sábado - 21 de Maio de 2005 às 13:04

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Centenas de manifestantes, alguns molhados com gasolina e ameaçando atear fogo no próprio corpo, exigiram neste sábado na cidade uzbeque de Karasu, na fronteira com o Quirguistão, a libertação dos líderes opositores Dilmurat Palvan e Bajtiar Rajimov. Palvan e Rajimov foram presos após os conflitos de 13 e 14 de maio passados.

Após várias horas de discurso, as autoridades conseguiram convencer os reunidos com ameaças e argumentos a deixarem a praça, neste momento ocupada pelo exército e a polícia.

Segundo relatos de moradores da cidade, durante a manifestação, a mulher de um dos presos jogou gasolina no próprio corpo e nos quatro filhos e ameaçou atear fogo caso as autoridades não atendessem às exigências dos manifestantes.

De acordo com informações não confirmadas da agência russa Interfax, hoje também houve protestos semelhantes em Pajtabad, outra cidade uzbeque situada na fronteira com o Quirguistão.

Uma manifestação parecida, em que os participantes exigiam informações sobre o destino dos presos, reuniu ontem cerca de 2.000 pessoas em frente à sede da administração da cidade uzbeque de Karasu.

Segundo testemunhas que estavam no local, as forças de ordem uzbeques conseguiram convencer as pessoas reunidas a se dispersarem "sem o uso da força".

As autoridades quirguizes reforçaram hoje a vigilância da fronteira na região de Karasu, principalmente nos dois pontos de controle, situados nas margens do Sharijansay, canal que separa os dois países.

A decisão foi tomada depois que cerca de 500 pessoas, vindas do lado uzbeque da cidade, tentaram atravessar a fronteira na madrugada de hoje para pedir asilo no Quirguistão como refugiados.

As forças quirguizes foram obrigadas a impedir sozinhas a tentativa, pois pouco antes seus colegas uzbeques saíram dos postos de controle.

Nesta manhã, no entanto, os guardas uzbeques receberam o reforço de unidades complementares. Além disso, apareceram nos postos de controle forças do Serviço de Segurança Nacional do Uzbequistão.

Moradores do local acham que as pessoas tentaram atravessar a fronteira "antes de mais nada para chamar a atenção da imprensa estrangeira", que está do lado quirguiz e não pode entrar no Uzbequistão por ordem das autoridades.

A concentração de jornalistas já se tornou um negócio para os habitantes do Karasu quirguiz, que alugam por 100 dólares ao dia, muito dinheiro para a região, os telhados das casas de onde é possível observar o lado uzbeque.

Felix Kulov, um dos líderes da Revolução das Tulipas que acabou com o regime do presidente Askar Akaiev no Quirguistão, justificou hoje o uso da força em Andijan, que deixou pelo menos 170 mortos.

"O rigor das ações do presidente (do Uzbequistão Islam) Karimov pode ser entendido", disse.

Kulov, que foi libertado da prisão por causa da revolta popular de fevereiro passado, lembrou que "a prisão em Andijan foi fechada, e os carcereiros, assassinados".

O político quirguiz disse que compartilha da posição da Rússia e de outros países, que vêem nos trágicos acontecimentos no leste uzbeque "o claro rastro do extremismo islâmico".

Segundo Kulov, o Vale de Fergana - onde aconteceram os fatos e que é dividido por Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão - tem graves problemas sociais e econômicos, e por isso qualquer conflito nesta região é uma ameaça para a segurança dos três países vizinhos.





Fonte: EFE

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