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Economia
Sexta - 20 de Maio de 2005 às 18:10
Por: Liésio Pereira

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São Paulo – Para competir com a China no setor de têxteis, o Brasil precisa de melhores condições macroeconômicas. "A China vai exportar este ano, entre têxteis e confeccionados, US$ 110 bilhões. A China é uma grande manufatura, o Brasil não tem uma concorrência leal chinesa", opina o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Fernando Pimentel.

"O que nós questionamos é que as condições macroeconômicas e logísticas que nós operamos são muito defasadas em relação às estabelecidas naquele país na sua política de industrialização, de comércio exterior", disse à Agência Brasil.

As desvantagens do Brasil em relação à indústria têxtil da China vão desde questões trabalhistas à carga tributária. Por ter mão-de-obra barata e impostos baixos, os chineses vendem seus produtos por um preço abaixo da concorrência. Com o fim das cotas globais em 31 de dezembro de 2004, conforme foi estabelecido na Rodada Uruguai da Organização Mundial do Comércio (OMC), há dez anos, os chineses passaram a ameaçar mais no setor têxtil. Tanto que os Estados Unidos adotaram medidas restritivas à importação de três categorias de produtos têxteis chineses (roupas íntimas de algodão ou fibra sintética e camisas e calças de algodão) e a União Européia já anunciou que também adotará restrições.

"Temos a visão clara e cristalina de um país como a China que, em meados da década de 80, exportava o mesmo tanto que o Brasil, hoje está exportando sete vezes mais que o Brasil. Curiosamente, este país está com taxa de câmbio fixa há 10 anos e é um país com US$ 650 bilhões de reservas, recebendo US$ 60 bilhões de investimentos diretos. É um outro modelo de economia", disse Pimentel.



"Ninguém é contra a China. A China é um país que tem relações amistosas, em sua história, com o mundo inteiro e sempre se pautou por essa linha de raciocínio. Agora, nós não podemos ignorar e abrir espaços para que uma indústria pujante, dinâmica e competitiva (como a brasileira) seja perdida por desequilíbrios macroeconômicos que não são gerados por essa indústria. Essa é a questão, esse é o foco central. Ninguém é contra A, B, C, D, agora evidentemente, a China tem se transformado em um grande produtor mundial de diversos produtos, inclusive os têxteis, e isso foi uma estratégia bem montada, planejada e que configurou o setor têxtil e de confecções como um setor importante para o seu progresso", acrescentou.

Para o diretor da Abit, é preciso que o Brasil olhe a questão da política de juros e seu impacto no câmbio para aumentar a competitividade do setor. "Não há dúvida de que os juros afetam, sem sombra de dúvida, a situação do câmbio. Ponto pacífico", disse.

Pimentel alertou, também, sobre a necessidade de redução dos gastos públicos, que traria impacto positivo sobre o câmbio e, conseqüentemente, para as exportações e importações. "Nós entendemos que menores gastos, um superávit fiscal eventualmente maior, que contribua para a redução do consumo, da demanda do governo por recursos, também será um grande fator importante para que essa taxa de câmbio entre em um processo de equilíbrio, que favoreça não só as exportações, mas também as importações", observou.

A indústria têxtil e de confecções do Brasil, lembrou Pimentel, é majoritariamente, de capital nacional, além de ter grande potencial de faturamento e geração de emprego e renda. Em 2004, segundo a Abit, o setor contabilizou 1,5 bilhão de empregos formais (com carteira assinada) e informais. "É um setor que pode contribuir tremendamente para a inclusão social, geração de emprego e renda e é competitivo", disse Pimentel. "Chegou o momento de olhar para essa indústria e dizer: olha, esse projeto é importante para o país? É. Então, vamos trabalhar", acrescentou.





Fonte: Agência Brasil

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