Itália aguarda com esperança fim do seqüestro de Cantoni
A italiana, de 32 anos, foi seqüestrada na segunda-feira por quatro homens armados que interceptaram seu veículo no centro de Cabul e a obrigaram a entrar em outro carro, em que fugiram.
As autoridades afegãs estão convencidas de que os seqüestradores não abandonaram a capital, já que as estradas de saída da cidade foram bloqueadas logo após o sequestro, e afirmam saber inclusive a região em que a italiana está escondida.
"Localizamos a região de Cabul em que ela se encontra, mas por motivos de segurança e de investigação preferimos não intervir", afirmou o porta-voz do Ministério afegão do Interior, Luftullah Mashal, em declarações divulgadas por meios de comunicação italianos.
Mashal também afirmou que as negociações para conseguir sua libertação estão adiantadas. Na Itália, o Ministério de Exteriores está em silêncio, mas a maioria dos meios de comunicação reúne pistas que apontam para um grupo criminoso liderado por um homem que se identifica como Timor Shah, o nome de um rei afegão do século XVIII.
O suposto seqüestrador fez na quarta-feira várias ligações a diferentes meios de comunicação afegãos com o telefone celular da italiana, em que reivindicava sua captura e fazia uma série de exigências para sua libertação, entre elas a proibição da venda de álcool no Afeganistão e maior respaldo para as escolas corânicas.
O criminoso também afirmou que a refém teria batido com a cabeça durante o seqüestro e estaria sofrendo uma hemorragia interna, o que contrasta com a versão das autoridades afegãs, que asseguram que a italiana está em bom estado físico.
Por último, o suposto seqüestrador lançou um ultimato que expirou na primeira hora desta quinta-feira sem que acontecesse nada de novo, o que criou um clima de confusão na Itália, mas com um certo otimismo por causa das afirmações positivas das autoridades de Cabul.
Cantoni estava há três anos no Afeganistão como funcionária da Care no Afeganistão e atualmente era responsável por um projeto de ajuda a viúvas no país.
Em setembro do ano passado, as voluntárias da ONG "Uma ponte para Bagdá" Simona Pari e Simona Torretta foram seqüestradas no Iraque e permaneceram três semanas como reféns de um grupo armado até serem libertadas com a ajuda do governo de Roma.
O governo sempre negou o pagamento de um resgate, mas, por causa do seqüestro da jornalista Giuliana Sgrena, capturada em fevereiro em Bagdá, voltou a ressurgir a polêmica sobre o suposto pagamento aos seqüestradores.
Sgrena foi libertada após um mês de cativeiro e negociações dos seqüestradores com agentes secretos italianos. Um deles, Nicola Calipari, morreu ao ser atingido por disparos americanos quando levava a jornalista ao aeroporto.
Em abril do ano passado, quatro seguranças italianos foram seqüestrados no Iraque, e um deles, Fabrizio Quattocchi, foi executado por seus seqüestradores.
Em agosto de 2004, o jornalista e colaborador da Cruz Vermelha Enzo Baldoni foi capturado e assassinado também em território iraquiano.
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