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Economia
Quinta - 19 de Maio de 2005 às 09:29
Por: João Caminoto

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Londres - Ainda restam dezesseis meses para as eleições de 2006, mas entre analistas do mercado internacional sobram poucas dúvidas que a campanha eleitoral no Brasil está a pleno vapor. Dificuldades crescentes para o governo obter apoio no Congresso Nacional e mesmo para fazer ajustes internos, tiroteios diários disparados pela oposição, denúncias de corrupção publicadas pela imprensa, pedido de abertura de CPI, tudo isso tem contribuído para que os investidores se tornem cada vez mais atentos à temperatura política brasileira.

As preocupações nem de longe se assemelham àquelas que precederam o pleito de 2002. Por enquanto não há o temor de que a política econômica ortodoxa adotada será ameaçada dependendo do resultado das eleições. Além disso, os avanços obtidos nos últimos anos, tanto na redução da vulnerabilidade externa como no campo da reformas, trazem mais tranqüilidade.

Mas eleições sempre trazem temores em qualquer lugar do mundo, ainda mais num país como o Brasil, com uma dívida gigantesca e ainda muito exposto aos humores da conjuntura econômica internacional. O embate político em curso no País, que deverá se acentuar até outubro de 2006, sinaliza que a capacidade do governo de tocar adiante reformas relevantes para o fortalecimento do arcabouço institucional do Brasil é visto como muito limitada, e para alguns praticamente nula.

Além disso, a perspectiva de uma queda no crescimento do PIB aliada a um cenário externo menos favorável poderá tornar o gerenciamento econômico um pouco mais difícil, justamente numa fase na qual o palco político estará extremamente sensível. Por isso, o gerenciamento fiscal, que até o momento agrada os mercados, será cada vez mais monitorado com atenção.

Para a analista da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU), Emily Morris, o início antecipado da corrida eleitoral não é um motivo de surpresa. "Talvez isso tenha começado um pouco antes do previsto, mas essa situação era muito previsível", disse Morris à Agência Estado. "Estava claro que o governo deveria aproveitar o início de mandato para implementar as mudanças mais importantes pois agora tudo se tornou mais difícil, no campo das reformas e das alianças."

Risco econômico Morris observa que a eleição de 2006 não deve ser encarada com alarmismo pelos mercados. "Ela será diferente da de 2002, pois não há uma percepção de risco político, mas sim de risco econômico, ou seja, de como a economia vai se comportar durante esse período e qual será a reação do governo diante de eventuais dificuldades."

Para a analista Carmen de la Orden, do banco espanhol Caja Madrid, o cenário político brasileiro tem se tornado cada vez mais relevante para os investidores devido a conjuntura internacional. "Os fundamentos do Brasil e de outros emergentes são vistos como positivos, mas há quase que um consenso de que o ambiente externo favorável para os países emergentes não deve durar", disse Carmen. "Por isso, cada vez mais os mercados estão atentos e sensíveis às notícias internas de cada país e obviamente o processo eleitoral brasileiro é um fator relevante."

Ela observou que vários países latino-americanos, como a Bolívia, Equador e Venezuela, representam hoje uma fonte de preocupação para os investidores. Além disso, serão realizadas várias eleições presidenciais na região até o final de 2006. "Embora existam enormes diferenças entre os países, há ainda uma tendência entre muitos investidores de avaliarem a América Latina como um bloco, o que é um equívoco", disse Carmen. "Há um temor de que, com o esgotamento de reformas em alguns países, propostas populistas sejam abraçadas pelo eleitorado."





Fonte: Agência Estado

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