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Nacional
Quinta - 19 de Maio de 2005 às 01:26
Por: Christiane Samarco

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Brasília - Desnorteados com a súbita criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias de corrupção nos Correios, dirigentes do PMDB começam a traçar, nos bastidores, a estratégia para preservar o partido e os peemedebistas que comandam a empresa. Se o governo e o PT não forem "corretos" com o PMDB na CPI, diz um dirigente da legenda, o partido poderá ressuscitar uma outra CPI que poderá atingir diretamente o governo: a do caso Waldomiro Diniz, o ex-assessor do ministro da Casa Civil, José Dirceu, flagrado ao pedir propina para um empresário de jogos.

A cúpula governista do PMDB programava para ontem à noite uma reunião para discutir os cenários possíveis, as alternativas do partido na CPI e quem seriam os melhores perfis para representar a legenda. Mas antes mesmo de o encontro começar, já se sabia que seria contaminado pela crise de desconfiança que pauta a relação da legenda com o Palácio do Planalto.

Esta crise é que está provocando o temor de que setores do governo e do PT tentem incriminar os peemedebistas da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), para abreviar a CPI que terá seis meses para concluir as investigações. Afinal, raciocina um importante peemedebista, a CPI só poderá ser encerrada depois de se apurar um crime e produzir uma vítima.

Ninguém tem dúvidas no PMDB de que o mais prejudicado com a abertura da CPI será o próprio governo, até porque a cultura política é a de que não existe inquérito favorável a nenhum governo. Mas boa parte da legenda avalia também que a ofensiva da oposição e a defesa feita na véspera pelo presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), citando nominalmente o líder peemedebista no Senado, Ney Suassuna (PB), colocou o PMDB sob suspeita.

Jefferson é o principal implicado nas denúncias de corrupção. Mas um dirigente do partido destaca que o mais grave da "lama" que o petebista jogara da tribuna sobre os peemedebistas da ECT, é que o PMDB é majoritário no colegiado que comanda a estatal.

Enquanto o PTB tinha apenas uma diretoria e o PT, duas, o PMDB indicara os outros três dirigentes dos Correios, inclusive o financeiro. E segundo o peemedebista, os padrinhos das indicações de seu partido são o líder Suassuna, o senador Hélio Costa (PMDB-MG) e o ministro das Comunicações, deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Se as decisões passavam pelo crivo do colegiado de seis diretores, em caso de empate o chamado voto de Minerva caberia ao presidente da empresa, o ex-deputado João Henrique de Almeida, também peemedebista. Portanto, diz o dirigente peemedebista, ao menos na teoria o PMDB é o principal responsável por tudo o que acontece na ECT.

Ele avalia que, por mais que os representantes da oposição estejam empenhados em "implicar" o PT em qualquer irregularidade, quebrando sigilos telefônicos e bancários na esperança de chegarem a dirigentes petistas como o tesoureiro Delúbio Soares, com o comando dos Correios nas mãos o PMDB pode ser chamado a explicar atos sob os quais nem teve participação.




Fonte: Agência Estado

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