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Internacional
Segunda - 16 de Maio de 2005 às 13:59

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Refugiados uzbeques que estão no Quirguistão disseram à BBC que soldados do governo do Uzbequistão abriram fogo contra eles quando eles estavam atravessando a fronteira.

Segundo estes testemunhos, algumas pessoas morreram e outras ficaram feridas em decorrência dos disparos.

A agência da ONU para os refugiados, a Acnur, afirma que os ferimentos sofridos por pessoas que deixaram o Uzbequistão rumo ao Quirguistão indicam que houve uma elevado nível de violência no país.

Segundo a entidade, várias dezenas de refugiados chegaram feridas aos campos quirguizes que os estão abrigando.

O correspondente da BBC na Ásia Central diz que o testemunho dos refugiados confere com relatos do que aconteceu na sexta-feira na cidade de Andijan, quando cerca de 500 pessoas teriam morrido em choques, segundo testemunhas (a versão oficial fala em mais de 20 mortos).

Pessoas que estavam na cidade disseram que as tropas do governo abriram fogo contra uma multidão que estava em sua maior parte desarmada, com exceção de seus líderes.

O governo uzbeque afirma que seus soldados não atiraram em ninguém, a não ser militantes armados de um grupo islâmico radical.

Segunda cidade fechada

Tropas do governo cercaram e isolaram a cidade de Karasu, na fronteira quirguiz, que foi tomada por rebeldes que expulsaram representantes do governo.

Informações vindas do Uzbequistão são de que os protestos, ocorridos desde sexta-feira e reprimidos com violência na cidade de Andijan, espalharam-se pelo país.

Os soldados teriam estabelecido postos de checagem ao longo das estradas que levam a Karasu.

O prefeito da cidade foi atacado pela população, e vários prédios foram destruídos com fogo.

Os moradores também reconstruíram duas pontes na fronteira com o Quirguistão.

Eles dizem que querem controlar a fronteira e restabelecer o que já foi um movimentado mercado na cidade.

Interferência

Segundo o correspondente da BBC no Uzbequistão Ian MacWilliam, a população da região está reunida para chegar a um acordo sobre como administrar os assuntos locais, sem interferência do governo.

Multidões colocaram fogo no quartel-general da Guarda Nacional, da Política Rodoviária e da Receita Federal, os três símbolos mais odiados do governo central, segundo MacWilliam.

No fim de semana, forças de segurança do Uzbequistão fecharam o centro da cidade de Andijan, palco de protestos na sexta-feira que deixaram vários mortos.

Funerais estão sendo realizados na cidade e correspondentes dizem que o clima lá é tenso e quieto.

A segurança foi reforçada no caminho entre Andijan e a capital, Tashkent, com mais de 30 barreiras sendo erguidas na estrada.

O número de mortos nos protestos de sexta ainda é desconhecido.

Segundo a versão oficial, são mais de 20, mas informações de testemunhas falam em até 500 pessoas. Acuados pela violência, pelo menos 500 refugiados abandonaram a cidade de Andijan em direção ao Quirguistão.

As fronteiras do país permanecem fechadas, mas centenas já conseguiram entrar em território quirguiz.

Abuso

Na Grã-Bretanha, o ministro das Relações Exteriores, Jack Straw, disse à BBC que houve "um claro abuso dos direitos humanos" no Uzbequistão e pediu mais transparência.

O ministro das Relações Exteriores do país desmentiu os comentários de Straw.

O presidente do Uzbequistão, Islam Karimov, acusou criminosos de incitarem protestos para que ele abandone o governo e um Estado islâmico seja criado.

No sábado, pelo menos 15 mil manifestantantes foram às ruas de Andijan pedindo a renúncia do presidente Karimov.

No dia anterior, as forças de segurança dispararam contra manifestantes, deixando vários mortos.

Histórico

O Uzbequistão tem a maior população muçulmana da Ásia Central.

Apesar das boas relações com o Ocidente, o governo uzbeque é considerado um dos mais repressores da região.

A violência no Uzbequistão causou preocupação internacional. O presidente russo, Vladimir Putin, ligou para Karimov para discutir a crise no país.

Nos Estados Unidos, o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, pediu moderação aos dois lados, acrescentando que espera que a busca de um governo mais democrático seja feita por meios pacíficos.

A União Européia criticou os líderes uzbeques por não prestarem atenção suficiente à questão dos direitos humanos, estado de direito e alívio da pobreza.

O correspondente da BBC em Moscou afirma que a Rússia está preocupada com a falta de controle em mais uma ex-República soviética.





Fonte: BBC Brasil

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