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Cidades/Geral
Segunda - 16 de Maio de 2005 às 11:39
Por: ANTONIO DE SOUZA

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Rondonópolis, MT – Especialista em drogas, o médico João Francisco de Campos é um dos profissionais envolvidos, na condição de colaborador, na campanha "Arranca Safra", que o Governo do Estado, por meio do Detran-MT, vem desenvolvendo desde o início do mês e que deve atingir todo o Estado, até o final deste ano. Ele participou do lançamento da segunda etapa, na sexta-feira (13.05), no Posto Trevão, em Rondonópolis.

Integrante dos Comandos Médicos Preventivos, que dão orientações na área de Saúde aos motoristas de caminhão e demais usuários de estradas federais, Campos destaca a importância desse trabalho do Estado e assinala a importância de se alertar para o problema que ele conhece como pouco e que administra em sua empresa, a Recovery Clinic, em Várzea Grande – a disseminação das drogas entre os caminhoneiros.

De acordo com o médico, o trabalho começa com a aplicação de questionários para saber que medida política se pode aplicar e termina com a conscientização dos motoristas sobre os riscos extremos do uso de droga. Entre eles, o popular "rebite".

O "rebite" (líquido vendido em pequenos tubos plásticos) é uma anfetamina (estimulante). Antigamente, o rebite era chamado de "bolinha" e tem sido largamente usado por motoristas de caminhão. "Uma anfetamina dá assim uma certa euforia, uma certa disposição. Há casos clássicos de motoristas que são pressionados pelos patrões para produzir mais e acabam usando o ‘rebite’ que os deixa mais animados, aparentemente menos cansados", disse Campos.

Nesse círculo vicioso, conforme publicações especializadas, os caminhoneiros estão trabalhando cada vez mais horas sem parar e, para agüentar, continuam recorrendo a estimulantes, os famosos "rebites", remédios que contém anfetaminas e têm determinados fins que, entre seus efeitos colaterais, tiram o sono. Com isso, as tragédias nas estradas aumentam a cada dia. A revista "O Caminhoneiro" cita como exemplo que o local onde ocorre o maior número de acidentes na Rodovia Carvalho Pinto, que liga São Paulo a Taubaté, no Interior paulista, é uma longa reta da estrada. Muitos motoristas que sofreram acidentes no local alegam terem sido fechados por um carro.

Relatos policiais indicam que o que acontece é que o motorista fica dirigindo por muitas horas e, de repente, adormece ao volante. Alguns motoristas, para não correrem esse risco, apelam para o "rebite". Porém, ao acabar o efeito, o sono o derruba literalmente e quase sempre acontece um acidente.

De acordo com a publicação, as anfetaminas formam um grupo de drogas estimulantes utilizadas pela primeira vez na década de 30 e foi muito usada durante a II Guerra Mundial pelos soldados norte-americanos, por terem fama de serem estimulantes e revigorantes. Na década de 70, as anfetaminas passaram a ser consideradas drogas psicotrópicas (medicamento que age sobre o psiquismo, como calmante ou como estimulante, ou que provoca perturbações psíquicas) e iniciou-se o controle de sua comercialização, com a exigência de receita médica para sua venda.

As anfetaminas são drogas estimulantes da atividade do sistema nervoso central, agindo diretamente na ligação entre os neurônios, com o aumento da produção e da liberação de substâncias chamadas de neurotransmissores. Entre 20 a 60 minutos, após a ingestão da droga, o usuário fica sem sono, perde o apetite, tem o raciocínio acelerado e fica com a capacidade de prestar atenção aumentada. Isso faz com que ele se sinta cheio de energia e capaz de realizar determinadas tarefas por mais tempo. "O problema é que isto pode levar o organismo a se esforçar acima de sua capacidade e, à medida que a quantidade de anfetamina no sangue circulante diminui, há o risco de a pessoa dormir subitamente, pois o cansaço e o sono reaparecem de forma mais acentuada", alerta o médico Eduardo Simon, com oito anos de experiência e especializado em psiquiatria clínica e terapia familiares.

Outro problema para quem toma o rebite é que, assim como a perda do sono, o mesmo remédio provoca outros efeitos. Entre eles, a irritabilidade, comportamento agressivo, tremor, dilatação das pupilas, inquietação, náuseas ou vômitos são os mais comuns.

ÁLCOOL - João Francisco de Campos revela que, no decorrer da campanha, as equipes informam aos motoristas que o "rebite" é droga, assim como o álcool e a maconha são drogas. E que essas drogas alteram o comportamento do motorista, podendo acarretar acidentes no trânsito. Ele lembra que 80% dos acidentes de trânsito hoje são cometidos em função da ingestão de drogas por parte dos motoristas nas estradas. "Estamos mostrando que a ingestão dessas drogas altera o comportamento dos motoristas, os reflexos ficam totalmente alterados, sua visão fica alterada, o julgamento fica alterado. Com isso, o motorista arrisca mais, ele produz mais insegurança nas estradas, provocando os acidentes", afirmou.

No caso específico do álcool, o médico cita que as bebidas contribuem para a produção de nada menos do que 240 doenças, citando, entre as mais "comuns", a pancreatite e a cirrose hepática.





Fonte: Secom - MT

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