Pesquisa do Banco Central amplia expectativa de inflação no ano

Brasília - A expectativa de inflação não pára de crescer, de acordo com o cenário de mercado. Pesquisa do Banco Central realizada na última sexta-feira com uma centena de analistas e instituições financeiras revela que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem projeções em alta há 11 semanas e indica inflação acumulada de 6,39% no ano, ante 6,30% na semana anterior.

O aumento reflete em parte a resistência demonstrada pelos preços nos últimos meses, que determinaram IPCA de 0,89% em abril – o mais alto desde meados do ano passado. Mas, de acordo com as projeções reveladas no Boletim Focus de hoje, o IPCA deste mês deve cair para 0,55%, com perspectiva de descer a 0,40% no mês que vem. Com isso, a estimativa de inflação para os próximos 12 meses cai dos 5,85% da pesquisa anterior para 5,46%.

De acordo com analistas de mercado, que apontam todas as semanas as tendências dos principais indicadores da economia, os preços dos alimentos estão em baixa. Em contrapartida, os preços administrados por contrato, ou monitorados (combustíveis, energia elétrica, telefonia, educação, remédios, transporte público, água e serviços em geral) fogem ao controle da meta oficial de inflação.

Os preços administrados são corrigidos por outros índices que não o IPCA, que serve de parâmetro para as correções do governo. Enquanto o governo traçou meta de 4,5%, depois "ajustada" para 5,1% pelo BC, os consultores financeiros já trabalham com expectativa de 7,74% para os reajustes acumulados dessas tarifas, acima do teto imaginado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 7% para o IPCA.

Outro indicador de inflação no varejo utilizado na pesquisa manteve-se estável. É o Índice de Preços ao Consumidor, medido pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (IPC-Fipe) da Universidade de São Paulo (USP), que previa 6,26% na semana passada e agora ficou em 6,27%. Mas, ele revela o comportamento de preços apenas na capital paulista.

A nota boa da pesquisa ficou por conta do arrefecimento de preços no atacado. Os prognósticos para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) e para o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) caíram, respectivamente, de 6,95% para 6,44%, e de 6,81% para 6,70%.