Médicos da Universidade de Londrina passam mensagens racistas no Orkut
Depois que o teor das mensagens chegou ao conhecimento dos servidores do hospital da UEL (Universidade Estadual de Londrina), as duas comunidades foram retiradas do ar. Elas estiveram acessíveis de outubro a abril. A universidade e o CRM (Conselho Regional de Medicina) abriram sindicâncias.
Nas mensagens funcionários e pacientes eram tratados com termos pejorativos e racistas. Os servidores eram chamados de Trolls (sigla para "seres abomináveis, repugnantes e comedores de carne humana"). Expressões como "macaca de 15 arrobas", "bicha da noite" e "orangotango" foram utilizadas para qualificar funcionários. As pacientes grávidas eram chamadas, nas mensagens, de "prenhas nojentas".
"Vamos usar de extremo rigor. Declaro minha solidariedade a funcionários e pacientes, que são quem sustenta o ensino público no país. Fatos repugnantes como esse mostram a necessidade de se discutir a formação que é dada na universidade, mas também as famílias dessas pessoas precisam refletir sobre como criam seus filhos", afirmou Lygia Pupatto, reitora da UEL. Punição
A presidente do Sindisaúde (Sindicato dos Trabalhadores na área de Saúde de Londrina e região), Ana Maria Cruz, disse que o sindicato está coletando assinaturas para exigir uma ação do Ministério Público Federal. "Vamos exigir a identificação e a punição dos responsáveis por esses crimes. Não dá para pensar que essas pessoas usam a escola pública para isso."
A servidora Vera Lúcia Lima, funcionária do HU, disse que, após a divulgação das mensagens racistas, o clima no hospital "ficou insuportável". "O mais grave é que essas pessoas (internos e residentes) continuam tratando pacientes. Pelo que eles pensam dos funcionários e dos pacientes, imagina a insegurança que ficou."
O Conselho Municipal da Comunidade Negra de Londrina prepara documento para enviar ao governador Roberto Requião (PMDB), exigindo providências do governo estadual e promete, a partir de segunda- feira, mobilizações em frente ao hospital. "Vamos protestar em frente ao HU até que todos os racistas e preconceituosos sejam identificados e punidos exemplarmente", disse Vilma Santos Oliveira, presidente do conselho.
"É essa elite danosa que brigou contra as cotas para negros e pobres na UEL. É essa mesma elite que usa o ensino público para tripudiar sobre os pobres", afirmou Oliveira. A criação de cotas para negros e alunos das escolas públicas sofreu campanha contrária de parte da população de Londrina no ano passado.
Expulsão
A Câmara Municipal irá votar, na próxima terça-feira, requerimento exigindo a expulsão dos estudantes internos --do quinto ano de medicina-- e dos médicos residentes da UEL.
Cópias das páginas das duas comunidades do Orkut estão sendo divulgadas na cidade e foram enviadas, pelo Sindisaúde, à Polícia Federal para abertura de inquérito policial.
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