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Internacional
Sábado - 14 de Maio de 2005 às 09:46

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Pelo menos 15 mil manifestantantes voltaram às ruas de Andijan, no Uzbequistão, neste sábado para pedir a renúncia do presidente Islam Karimov.

O protesto ocorre no dia seguinte a um outro em que as forças de segurança atiraram contra manifestantes, deixando vários mortos.

O presidente Karimov disse em pronunciamento na TV neste sábado que pelo menos dez membros das forças de segurança morreram e "muitos mais manifestantes", sem fornecer detalhes.

Ele culpou um grupo militante islâmico pela revolta e disse que "apenas algumas centenas" participaram do protesto na sexta.

Segundo funcionários de hospitais locais, o número de mortos estaria "nas dezenas" e seria "muito maior" do que os nove mortos inicialmente confirmados pelo governo.

Um correspondente da agência de notícias France Presse disse ter contado mais de 40 corpos no chão, e testemunhas falam em até 300 vítimas fatais.

Clique aqui para ver fotos da repressão ao protesto

Depois de abrir fogo contra uma manifestação por melhores condições de vida que reuniu milhares de pessoas na praça central da cidade na sexta, soldados em veículos blindados passaram pelas ruas para dispersar o resto da multidão.

Segundo testemunhas, durante o protesto, a multidão, que incluía mulheres e crianças, ouvia discursos contra políticas do governo feitos pelas lideranças oposicionistas.

Em um dos discursos, foi dito que fábricas estão paralisadas e não há empregos.

Os distúrbios começaram na noite de quinta-feira, quando homens armados invadiram o presídio de Andijan e libertaram centenas de detentos, inclusive 23 empresários locais acusados de envolvimento com extremistas islâmicos.

O Uzbequistão tem a maior população muçulmana da Ásia Central.

Apesar de ligações com o Ocidente, seu governo é amplamente visto como um dos mais repressores da região.

Caos e violência

A violência no Uzbequistão gerou preocupação internacional. Nos Estados Unidos, o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, pediu moderação aos dois lados, acrescentando que espera que a busca de um governo mais democrático seja feita por meios pacíficos.

A União Européia criticou os líderes uzbeques por não prestarem atenção suficiente à questão dos direitos humanos, estado de direito e alívio da pobreza.

Autoridades russas expressaram preocupação com relação à situação no Uzbequistão.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que o problema era interno do país, mas que a Rússia estava acompanhando o desenrolar dos acontecimentos de perto.

O correspondente da BBC em Moscou afirma que a Rússia está preocupada com a falta de controle em mais uma ex-República soviética.

Protestos

O Ministério do Exterior uzbeque qualificou os manifestantes de "criminosos armados", mas disse que negociações estão sendo efetuadas com eles.

Todas as transmissões de noticiários do exterior foram bloqueadas, incluindo a BBC.

As tensões em Andijan estão se acumulando há anos, segundo a correspondente da BBC no Uzbequistão, Monica Whitlock.

Ela diz que há muita pobreza, desemprego e frustração com a falta de oportunidades para os mais jovens.

Muitos jovens locais foram presos em batidas feitas pelas forças de segurança e colocados na cadeia sob a acusação de serem militantes islâmicos.

Muitos dizem que são vítimas de maus-tratos enquanto estão presos, o que ajuda a aumentar o descontentamento no local.

Protestos pacíficos em favor dos prisioneiros estavam sendo feitos em Andijan durante os últimos quatro meses.

Capital

Em outro incidente, um homem descrito como um militante suicida que levava uma bomba foi morto nas proximidades da embaixada de Israel na capital, Tashkent.

Os agentes de segurança da embaixada atiraram no suspeito depois que ele ignorou avisos para que mantivesse distância do local.

Ele estava usando um sobretudo, apesar de estar fazendo calor na capital uzbeque.





Fonte: BBC Brasil

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