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Internacional
Quarta - 11 de Maio de 2005 às 18:55
Por: Angus MacSwan

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O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse na quarta-feira em Brasília que acha bom o grupo militante Hamas participar das eleições parlamentares marcadas para julho, e que o resultado do pleito deve ser respeitado por todos.

O Hamas, que luta declaradamente pela destruição de Israel, obteve bons resultados nas eleições municipais de Gaza na semana passada, e deve representar uma ameaça para o Fatah, do moderado Abbas, nas eleições legislativas.

Isso poderia causar problemas ao emperrado processo de paz entre israelenses e palestinos.

"Todas as tendências devem participar do processo político", disse Abbas numa entrevista coletiva durante a Cúpula América do Sul-Países Árabes.

"É bom que eles estejam dispostos a participar da eleição em julho. Não temos outra opção. Temos de seguir o processo político", afirmou.

Se o Hamas vencer, "isso será responsabilidade do povo palestino e escolha do povo palestino, e todos terão de aceitar os resultados", acrescentou Abbas.

Se Israel não for capaz de aceitar o resultado, isso mostrará que o país não compreende o que é a democracia, disse Abbas, que foi eleito líder palestino após a morte de Yasser Arafat.

O Hamas disse que vai cumprir o cessar-fogo, mas a trégua tem estado instável desde seu início, em fevereiro. Questionado sobre a possibilidade de uma explosão de novos ataques, Abbas disse que os grupos militantes estão se comportando com tranquilidade.

"O passado acabou. Estamos encarando o futuro com otimismo", ele.

COMPROMETIMENTO

Abbas reiterou seu compromisso com o "mapa do caminho", o plano de paz patrocinado pelos EUA e pelo Quarteto que tem o objetivo de estabelecer um Estado palestino independente que seja capaz de conviver com Israel. O Quarteto é formado por EUA, União Européia, Rússia e ONU.

O processo está emperrado porque nenhum dos dois lados cumpriu suas promessas —os israelenses deveriam suspender a expansão dos assentamentos e os palestinos deveriam dissolver os grupos militantes.

O plano israelense de desocupar a Faixa de Gaza este ano é encarado por países ocidentais como um modo de ressuscitar o processo de paz.

Mas Abbas acusou Israel de enfraquecer o esforço de paz e de agir de má-fé ao continuar construindo assentamentos e ao erguer um muro de segurança.

Não há uma data marcada para que Abbas vá a Washington se encontrar com o presidente dos EUA, George W. Bush, mas o palestino disse esperar que isso ocorra ainda este mês. Abbas disse pretender que Bush pressione Israel e que os norte-americanos ofereçam apoio econômico aos palestinos.

De acordo com ele, o mau estado da infra-estrutura e da economia palestina dificultam a repressão aos militantes. Mesmo assim, afirmou: "Estamos prontos para o processo de paz. Tenho certeza de que teremos um Estado palestino antes do que imaginamos."

A cúpula entre países sul-americanos e árabes tem presenciado muitas críticas a Israel. O Estado judaico manifestou preocupação com a declaração final do encontro, no ponto sobre o direito dos povos de resistirem à ocupação estrangeira. Israel considera que isso vai legitimar grupos como o Hamas e o Hizbollah, que considera terroristas.

LULA

O presidente da Autoridade Nacional Palestina elogiou a iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em aproximar a América do Sul dos países árabes e defendeu que a região ajude ao Quarteto a mediar o processo de paz com os israelenses.

"A América do Sul liderada pelo Brasil pode fazer parte desse esforço e ter um papel fundamental", afirmou.

Abbas exaltou o papel de Lula em se comprometer com o acompanhamento dos resultados da cúpula. Um novo encontro entre as duas regiões ocorrerá em Marrocos no segundo trimestre de 2008.





Fonte: Reuters

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