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Internacional
Quarta - 11 de Maio de 2005 às 16:55

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O diretor-executivo de um grupo internacional de defesa dos direitos humanos acusou na quarta-feira os Estados Unidos de "hipocrisia", por não dar apoio aos refugiados palestinos que querem voltar a suas antigas casas em Israel.

Scott Leckie, diretor-executivo do Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos (Cohre), com sede em Genebra, deu as declarações durante uma entrevista coletiva para lançar um relatório de 240 páginas sobre "a apreensão de terras e casas na Palestina" por Israel desde 1948.

"Embora os EUA costumem apoiar em todo o mundo o direito dos refugiados de recuperar suas terras, casas e propriedades, eles se recusam a reconhecer que os refugiados palestinos também gozam de direitos de propriedade legítimos", afirmou.

"A hipocrisia da posição dos EUA ... é patente e injustificável se termos como direitos humanos e jugo da lei forem aplicados universalmente", disse Leckie, um advogado especializado em direitos humanos internacionais.

Mais de quatro milhões de refugiados palestinos e seus descendentes vivem em campos de refugiados na Cisjordânia, em Gaza, na Jordânia, no Líbano e na Síria. Eles fugiram de suas casas, que ficam onde hoje é Israel, durante a guerra entre árabes e israelenses, em 1948-1949.

Os palestinos querem que Israel implemente a resolução 194 da ONU, que diz que os refugiados têm o direito de voltar a suas casas ou então de receber indenizações.

O governo de Israel — com o apoio da administração do presidente dos EUA, George W. Bush — recusa-se a admitir a volta dos refugiados, temendo que o afluxo represente um suicídio demográfico para o Estado judaico, que possui 6,6 milhões de habitantes.

Israel prefere que os refugiados se estabeleçam num futuro Estado palestino, e diz que vai contribuir para um fundo de compensação.

Leckie afirmou que a posição dos EUA é particularmente surpreendente porque Washington está apoiando o retorno de judeus iraquianos que deixaram o Iraque quando o país era comandado por Saddam Hussein.

O relatório do Cohre pôs em dúvida a viabilidade do Estado palestino, um projeto fortemente apoiado pelos EUA. O levantamento mostrou, segundo Leckie, "que o pouco que sobrou da pátria palestina está desaparecendo diante de nossos olhos — é como se Israel estivesse deliberadamente apagando-a do mapa".

O Cohre mantém escritórios em todo o mundo, que se dedicam às questões de habitações e despejos. Recebe financiamento de governos de muitos países europeus e do Canadá, além da fundação Ford, com sede nos EUA.





Fonte: Reuters

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