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Internacional
Terça - 10 de Maio de 2005 às 17:44

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Moscou volta ao normal depois de praticamente parar por causa das comemorações do 60º aniversário da derrota do nazismo, que contaram com a presença de mais de 50 chefes de Estado e de governo, e da cúpula Rússia-União Européia.

Os cerca de seis milhões de moscovitas que deixaram a cidade com destino ao campo começaram a retornar a suas casas após quatro dias de festa patriótica, em que a população teve um papel pequeno.

A capital russa recuperou por alguns dias o velho gigantismo soviético para receber com atenção os governantes dos países que participaram da Segunda Guerra Mundial, que deixou cerca de 27 milhões de mortos só na União Soviética.

A Praça Vermelha é palco todos os anos de um desfile para comemorar a vitória sobre a Alemanha nazista, no que é conhecido na Rússia como a Grande Guerra da Pátria, mas o Kremlin quis organizar "algo especial" para o 60º aniversário.

Durante um dia, Moscou recuperou o rótulo de grande potência, tão almejada pelos atuais dirigentes russos, que viram vários países integrantes de seu "quintal dos fundos" (Geórgia e Moldávia) recusarem o convite para assistir às comemorações.

Os presidentes da Estônia e da Lituânia também ignoraram os apelos pela reconciliação do Kremlin, enquanto o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, estava ocupado formando um novo gabinete de ministros após a vitória eleitoral.

Já os dirigentes de EUA, França, Espanha, Alemanha, Itália, Japão e China, entre outros, responderam reconhecendo o "grande sacrifício" realizado pelo povo soviético na luta contra o fascismo.

"Não podemos esquecer a guerra, mesmo se quisermos. Todas as famílias perderam, pelo menos, um parente", afirmou à EFE um técnico em informática que vive na capital.

Além do desfile, houve grandes concertos, fogos de artifício e um minuto de silêncio pelos mortos, que foi acompanhado de Vladivostok, no Oriente, até o enclave de Kaliningrado, na fronteira com a Polônia.

No entanto, não faltaram críticas, como ficou claro nas divergências entre o Kremlin, decidido a deleitar o mundo, e as autoridades de Moscou, que preferiram honrar os veteranos.

Segundo a tradição, os veteranos vindos de toda a Rússia depositam flores todo dia 9 de maio diante do Túmulo do Soldado Desconhecido, situado sob o muro do Kremlin, o que não puderam fazer desta vez.

O centro da cidade, onde fica o Kremlin, foi fechado para o tráfico e para os pedestres, enquanto a população recebeu o "amável" conselho de deixar Moscou para não atrapalhar a comemoração.

Os jornalistas também foram convidados de honra nesses dias, agradados com comida e bebida gratuitas. Eles não deixaram por menos e consumiram 5 mil litros de cerveja.

O forte esquema de segurança, com mais de 30 mil soldados da polícia e do Ministério do Interior, reduziu a criminalidade em Moscou em 75%.

Além disso, segundo o serviço secreto, foram desbaratados possíveis planos terroristas da guerrilha chechena, que voltou a ameaçar ontem levar a guerra a todo o território nacional.

Segundo os números oficiais, mais de 12 milhões de russos participaram das comemorações, que foram vividas com especial emoção em Volgogrado (antiga Stalingrado), palco da mais sangrenta batalha da guerra, e em São Petersburgo, sitiada pelos alemães durante 860 dias.

A Rússia conseguiu encerrar hoje sua "grande festa" com um acordo com a União Européia (UE) para a aplicação de quatro espaços comuns de cooperação, o que abre uma nova era nas relações entre a União e seu maior vizinho.

Alinhado com a principal mensagem do 60º aniversário, Putin prometeu hoje que a Rússia participará do nascimento de uma "Grande Europa Unida", embora o enclave russo de Kaliningrado represente um obstáculo para a livre circulação por todo o continente.

Por outro lado, a reunião da Comunidade de Estados Independentes (CEI), realizada no domingo, evidenciou as diferenças que separam a Rússia de seus vizinhos, pois um número cada vez maior de países prefere olhar para a Europa e a Otan em busca de progresso e segurança.





Fonte: EFE

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