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Nacional
Segunda - 09 de Maio de 2005 às 21:33
Por: Priscilla Mazenotti

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Brasília - O coordenador regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Mato Grosso do Sul, Gaspar Hickman, pediu afastamento do cargo na última quinta-feira (5) após diversas denúncias de irregularidades no uso de verbas da instituição. A Comissão Externa da Câmara dos Deputados, que investiga o caso, liga as irregularidades à morte de 36 índigenas na região de Dourados (MS) por subnutrição e falta de cuidados. O coordenador-executivo da instituição, Lenildo Moraes, assumiu o cargo interinamente.

Gaspar Hickman afirma que os documentos utilizados pela comissão da Câmara para fazer as denúncias foram obtidos de forma ilícita e que, por isso, as acusações não podem ser consideradas verdadeiras. "Só o fato de o documento ter sido obtido de forma ilícita, já perde a validade. Um parlamentar, para divulgar notícia, deveria solicitar os documentos em caráter oficial".

Ele defende que a apuração do caso seja feita o mais rápido possível. "Considerando os constantes ataques políticos, peço afastamento do cargo, mas sou um dos primeiros a querer a apuração do caso".

Para o coordenador da Comissão Externa da Câmara, deputado Geraldo Resende (PPS-MS), o pedido de afastamento de Hickman é prova de que os indícios de irregularidades são verdadeiros. "Os documentos são autênticos. Foram fonecidos por servidores da Funasa que estavam desconfortáveis com a situação existente na instituição que levou à morte 36 índios. O Gaspar solicitou sua saída porque, certamente, sua consciência está pesando. É responsabilidade dele não ter apontado caminhos para evitar essa tragédia".

Os documentos da Comissão Externa da Câmara apontam gastos excessivos com manutenção de carros e bombas d’água, por exemplo. Os documentos também mostram gastos, em dezembro do ano passado, de R$ 295 mil com consertos de carros quebrados. "As estradas são esburacadas e os carros são antigos. Esse valor foi gasto em outubro, novembro e dezembro. Não em apenas um dia, como o relatório quer dar a entender", afirma Hickman.

O deputado Geraldo Resende diz que esses gastos consumiram quase todo o orçamento da Funasa em 2004. "Ele (Hickman) esquece de dizer que, em fevereiro, em uma semana, foram gastos R$ 195 mil. Somando tudo, dá mais de R$ 500 mil. E a Funasa só tem 100 carros que são novos. Esses gastos consumiram quase a totalidade dos recursos da Funasa no ano passado".

Para o deputado, a escolha do coordenador-executivo da Funasa para assumir interinamente a coodenadoria regional da instiuição é sinal de que a situação no local é grave. "Se a Funasa manda o segundo homem mais forte na diretoria, logicamente, deve ter sentido que onde há fumaça há fogo", afirmou.

A comissão interministerial, criada pelo governo para fazer uma análise da situação indígena em Dourados, chegou hoje (9) à cidade. "A situação está muito grave para o Gaspar dizer que está tudo normal", diz o deputado.





Fonte: Agência Brasil

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