Novo ministro britânico quer retomar o processo de paz no Ulster

O novo ministro britânico para a Irlanda do Norte, Peter Hain, afirmou nesta segunda-feira que a grande prioridade de seu Governo é a restauração da autonomia da província, ao pedir "boa vontade" aos principais partidos do Ulster.

Hain chegou hoje a Belfast para um primeiro contato com os partidos. A iniciativa acontece apenas três dias após o reeleito primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, remodelar seu Executivo, retirando Paul Murphy da carteira norte-irlandesa.

O ministro aproveitou suas primeiras horas na capital para se reunir com os líderes do radical Partido Democrático Unionista (DUP), o reverendo Ian Paisley, e do Sinn Fein (braço político do IRA), Gerry Adams.

Após os encontros, o novo ministro, que tem a mesma carteira para o País de Gales, garantiu que a dualidade do cargo não rebaixou o interesse do Executivo de Londres em relação ao processo de paz, que está imerso em uma de seus piores e mais prolongadas crises.

"O primeiro-ministro (Tony Blair) - disse - deixou claro que manterá um alto grau de envolvimento no processo de pacificação e restauração das instituições", que permanecem suspensas há mais de dois anos, devido a um suposto caso de espionagem do Exército Republicano Irlandês (IRA).

Hain falou ainda sobre os benefícios produzidos no Ulster pela assinatura, há mais de sete anos, do histórico acordo da Sexta-Feira Santa (1998), um período que qualificou de "paz e estabilidade".

O novo ministro acrescentou que o processo só avançará se os grupos armados do Ulster abandonarem definitivamente todas as suas atividades criminosas e paramilitares, numa referência clara ao IRA, que, segundo Londres e Dublin, continua recrutando e treinando voluntários.

Em relação a isso, o ministro se disse otimista sobre a possibilidade de reativar o processo de paz, ao afirmar que "existem oportunidades", que não quis exemplificar.

Segundo os especialistas, o pedido que Gerry Adams fez em abril ao IRA - para que abandone a luta armada e adote a via política - poderia levar à dissolução do grupo, caso haja uma resposta afirmativa.

Com isso, acreditam os analistas, há condições para negociar com o Sinn Fein e o DUP, e abordar a possibilidade de que os dois partidos cheguem a um acordo de governabilidade para restaurar a autonomia da província.