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Internacional
Segunda - 09 de Maio de 2005 às 17:25

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A classe política e a comunidade judaica da Alemanha vão inaugurar na terça-feira o monumento às vítimas do Holocausto, um imenso terreno com 2.711 blocos que o arquiteto Peter Eisenman quer que seja um lugar de esperança para o futuro. Aberto para todos, inclusive para os detratores, e onde se unam lembrança e reflexão: assim o arquiteto americano quis que fosse o memorial planejado para lembrar os milhões de judeus de toda a Europa assassinados pelo nazismo.

"Será um lugar sem nomes, um lugar de silêncio na cidade, em que o visitante pensará sobre o passado, o presente e o futuro", disse Eisenman, responsável pelo projeto que nasceu há 17 anos.

"Eu não quis fazer um cemitério, um lugar de morte, mas de esperança para o futuro", acrescentou o arquiteto, para quem o labiríntico pátio de esteiras, de até cinco metros de altura, deve ser um lugar onde o visitante "ouça as vozes" das vítimas.

O monumento será inaugurado amanhã pelo presidente do Parlamento, Wolfgang Thierse, o do Conselho Central dos Judeus da Alemanha, Paul Spiegel, Eisenman e a promotora do projeto, Lea Rosh.

A inauguração terá a presença da elite política alemã, do presidente Horst Köhler e do chanceler Gerhard Schröder até representantes da oposição, além da australiana Sabina van der Lindern, representante dos sobreviventes do Holocausto.

Após a cerimônia, será aberto a partir de quinta-feira um impressionante memorial sobre 19 mil metros quadrados de um solar vizinho ao Portão de Brandeburgo, formado pelo pátio dos 2.711 blocos de concreto e um centro de documentação subterrâneo.

"Optamos por um monumento aberto, com todo o risco que isso pode trazer. Deve ser um lugar acessível 24 horas por dia", disse Thierse, sobre o perigo de ataques neonazistas.

Para o presidente do Parlamento, o monumento talvez chegue "um pouco tarde". "Alguém perguntará por que demoramos 60 anos. É preciso levar em conta que o desenvolvimento da memória coletiva pode ser tarefa de décadas", disse.

O memorial encontrou por último o lugar e o momento adequados: "Para alguns parecerá muito tarde, mas eu penso que foi até cedo, comparado com outros países", disse Eisenman.

"Há muitos outros lugares para a lembrança. Dachau e muitos outros antigos campos de concentração. Mas era importante que houvesse um aqui, central, na capital de onde partiu o Holocausto", afirmou Thierse.

No pátio não haverá inscrições de nenhum tipo. Mas no centro de documentação subterrâneo serão lembrados os 3,5 milhões de judeus assassinados que estão documentados com nome e sobrenome. A lista foi passada pelos responsáveis pelo monumento Yad Vashem, em Israel.

O visitante em Berlim poderá ver em projeções perfis biográficos de algumas das vítimas.

A inauguração será o fim da batalha empreendida em 1987 pela jornalista Lea Rosh, apoiada por intelectuais e políticos de todos os partidos.

No caminho ficaram obstáculos e receios contra esse projeto, do qual se questionaram tanto sua própria oportunidade como a questão de ser apenas para os judeus ou para todas as vítimas, incluindo homossexuais, ciganos e demais perseguidos. Optou-se pela primeira variante, por entender-se que agrupá-los dissiparia a singularidade de cada um desses grupos.

O Parlamento deu finalmente a autorização ao projeto em 1999, o ano em que o governo e as principais instituições federais voltaram a Berlim, após anos em Bonn. O custo total do monumento é orçado em 27,6 milhões de euros. O resultado não é um lugar "onde se passeia tranqüilamente", segundo Thierse, mas um lugar "necessário para todos os alemães".





Fonte: EFE

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