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Economia
Segunda - 09 de Maio de 2005 às 14:14

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O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, criticou ontem os setores da sociedade brasileira que defendem maior tolerância com a inflação. Para ele, isso é um erro que acaba dificultando o combate aos reajustes de preços e a queda das expectativas inflacionárias, contribuindo assim para a necessidade de uma política monetária mais restritiva.

"No Brasil, muitas pessoas não entenderam ainda os prejuízos trazidos pela inflação. Existe ainda na mente de algumas pessoas aquela idéia de que a inflação maior pode permitir um bom crescimento", afirmou o presidente do Banco Central, que participou de encontro do BIS (Bank for International Settlements), que reúne autoridades monetárias de vários países, na Basiléia (Suíça).

Meirelles não quis citar quais seriam os segmentos sociais que defendem uma inflação maior. Por outro lado, elogiou a intenção do governo de estabelecer medidas de controle de gastos em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), que também tendem a contribuir para o combate à inflação, e afirmou que novas políticas nesse sentido estão em estudo.

Disse concordar também com declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o governo errou ao utilizar apenas a política monetária como instrumento de combate à inflação: "Certamente, concordamos integralmente com o presidente de que o trabalho de combate à inflação não é exclusividade do BC".

Ele chegou a afirmar que o governo está seguindo "instruções do presidente da República" para analisar o que mais pode ser feito em termos de combate à inflação. Mas não entrou em detalhes sobre que medidas estariam sendo estudadas.

"Existem evidentemente muitas outras coisas que já estão sendo feitas e poderão ser anunciadas, mas o importante é que o presidente deixou muito claro que o caminho para o Brasil não é ficar se preocupando apenas com a taxa de juros. A taxa de juros é um dado da realidade. Precisamos criar condições para que a inflação caia", afirmou.

O presidente do BC enfatizou que o papel da sociedade no combate à inflação é fundamental. De acordo com Meirelles, quanto maior for o entendimento, no Brasil, de que a inflação é um mal que precisa ser combatido em prol do crescimento econômico, menores serão as expectativas de reajustes de preços e mais eficiente se tornará a política monetária.

"Acho que não há dúvida de que a história mostra que, quanto maior a consciência tida pela sociedade de que a inflação é um mal e que, portanto, precisa ser combatida, e de que as metas de inflação serão cumpridas, mais fácil e menos custoso é o trabalho", afirmou o presidente do BC.

Perguntado sobre o que significa "menos custoso" nesse contexto, o presidente do BC explicou "que os prêmios de risco são menores e, portanto, as taxas de juros tendem a ser menores".

Ele disse que a inflação brasileira está convergindo para a meta de 5,1% estabelecida para este ano, mas, em relação ao período em que isso deve ocorrer, se referiu a "prazos mais longos".

Rebateu as críticas sobre os possíveis efeitos negativos dos juros altos --atualmente em 19,5% ao ano--, dizendo que, em 2004, por exemplo, o país cresceu 5,2% apesar do patamar elevado da taxa.

Autonomia



Meirelles não quis comentar as declarações feitas na semana passada pelo ministro Nelson Jobim, presidente do Supremo Tribunal Federal, de que seu novo status de ministro --cargo político e, portanto, instável-- impediria que o BC passasse a ser independente. Isso porque, quando a autoridade monetária ganha autonomia, seu presidente passa a ser nomeado para períodos fixos, tendo, portanto, estabilidade.

A Folha apurou, no entanto, que o BC concorda com Jobim, mas acredita que a declaração do ministro não descarta a possibilidade de que a autoridade monetária receba autonomia no futuro, já que esse problema de incompatibilidade poderia ser resolvido com uma emenda constitucional.





Fonte: 24 Horas News

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