Indonésio diz-se "chocado" com lentidão de trabalhos pós-tsunami

O indonésio encarregado da reconstrução da Província de Aceh, devastada pelo tsunami de dezembro, disse nesta segunda-feira que está chocado com o pouco trabalho feito até agora e com o dinheiro quase nulo gasto.

Kuntoro Mangkusubroto, no cargo há pouco mais de uma semana, disse que não há um sentimento de emergência na distribuição dos 613 milhões de dólares do orçamento do governo de 2005 destinados à reconstrução pós-tsunami.

Segundo ele, o dinheiro precisa passar pela burocracia e ser aprovado pelo Parlamento, o que provavelmente só o deixará disponível em setembro.

Por enquanto, Kuntoro afirmou que a sua agência vai contar com fundos prometidos por grandes organizações não-governamentais e pelo setor privado para começar os trabalhos em Aceh.

"É chocante. Foram feitas coisas muito limitadas pelos pobres", disse Kuntoro a um grupo de repórteres estrangeiros em Jacarta, depois de passar diversos dias em Aceh para avaliar o desafio que enfrenta.

"As estradas não estão sendo construídas nem pontes. Não há portos sendo construídos. Em se tratando de reconstrução, é zero."

Um terremoto de magnitude 9 em 26 de dezembro, na costa da ilha de Sumatra, provocou um enorme tsunami que deixou 160 mil mortos e desaparecidos na Província de Aceh. Cerca de 500 mil pessoas estão desabrigadas e a economia local foi destruída.

A agência de Reconstrução e Reabilitação de Aceh, comandada por Kuntoro, terá quase cinco bilhões de dólares em ajuda para administrar.

Engenheiro formado pela Universidade Stanford nos EUA e ex-ministro da Energia, Kuntoro foi saudado pela comunidade internacional ao ser indicado para o cargo. Ele se reporta diretamente ao presidente da Indonésia.

Ao conversar com os repórteres na segunda-feira, Kuntoro parecia às vezes não acreditar no ritmo lento da reconstrução.

Kuntoro disse que mandou uma carta para o ministro das Finanças na segunda-feira pedindo fundos imediatos para alguns projetos.

"Bilhões foram prometidos. Eles não estão disponíveis", observou.

Um exemplo dos entraves burocráticos foi o projeto de cabos de fibra ótica de 30 milhões de dólares envolvendo a Intel Corp. e outras empresas. Ele dará acesso de banda larga a toda a Província e transformará a capital, Banda Aceh, em uma região de tecnologia sem fio.

O projeto estava esperando aprovação desde fevereiro, disse Kuntoro. Ele autorizou os trabalhos no segundo dia no cargo.