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Nacional
Sábado - 07 de Maio de 2005 às 11:00
Por: Thaís Brianezi

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Manaus - Com 57 sítios arqueológicos urbanos já catalogados pelo projeto Amazônia Central desde 1995, Manaus é um grande cemitério indígena. "O projeto de modernização da cidade não leva em conta essa herança histórica milenar, mas ela se impõe a cada grande obra. No momento em que se vai perfurar o solo, surge um sítio arqueológico", afirmou Carlos Augusto da Silva, coordenador do laboratório de arqueologia do Museu Amazônico, ligado à Universidade do Amazonas (UFAM).

O movimento indígena, por meio da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), mobiliza-se para que os sítios arqueológicos sejam preservados, estudados e abertos à visitação. "A gente queria que o governo fizesse um trabalho mais profundo, para descobrir que riquezas são essas, de que povo são, o que representam, há quanto tempo estão ali", reivindicou Jacimar Gouveia, liderança da etnia cambeba.

O coordenador do laboratório de arqueologia do Museu Amazônico disse que "hoje não se sabe ainda a que povos pertencem os vestígios encontrados. Por meio da análise do carbono 14, comprovamos que há urnas funerárias com mais de 700 anos". Segundo ele, nem o Museu Amazônico nem o Instituto do Patrimônio Histório e Artístico Nacional (Iphan) têm condições de garantir a preservação desses sítios. "Hoje alguns deles se conservam por esforço dos próprios proprietários do terreno onde se localizam."

No ano passado, o Ministério Público Federal propôs uma ação civil pública pedindo a interrupção das obras de reforma da Praça Dom Pedro, no centro da capital amazonense, local onde foi identificado um sítio arqueológico. "A ação pedia a cessação imediata dos trabalhos. E também a realização de um concurso público para se contratar uma empresa que elaborasse um projeto de destinação da área que levasse em consideração a presença do sítio", informou Izabella Brant, procuradora da República. A Justiça, porém, apenas ordenou que as obras fossem concluídas sob a supervisão de técnicos do Iphan. "A juíza entendeu que a destinação da praça era prerrogativa do poder municipal", esclareceu a procuradora. Ela pretende marcar uma reunião extra-judicial entre a prefeitura, a Coiab e o Iphan. "Com a mudança do prefeito, talvez haja espaço para um acordo sobre o melhor uso daquele espaço", argumentou Izabella.

O projeto Amazônia Central é coordenado pelo antropólogo Eduardo Gosneves, da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade do Amazonas (Ufam) e o Instituto do Patrimônio Histório e Artístico Nacional (Iphan).





Fonte: Agência Brasil

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