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Quinta - 05 de Maio de 2005 às 23:44

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A mudança de comandos nos batalhões da Baixada Fluminense, em 2004, movida por razões políticas pode ter sido um dos motivos da chacina que vitimou 29 pessoas em Nova Iguaçu e Queimados, no dia 30 de março.

A hipótese foi levantada hoje pelo deputado Paulo Ramos (PDT), durante audiência pública realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Alerj que contou com a presença do secretário estadual de Segurança Pública, Marcelo Itagiba.

O secretário disse que a informação passada pelo deputado é de suma importância para o andamento das investigações, e a comissão deve os dados à secretaria para que conte dos autos do inquérito.

O pedetista acrescentou ainda que pretende convidar, para prestar esclarecimentos junto à comissão, o coronel D'Ambrósio Francisco, ex-comandante de Policiamento da Baixada Fluminense, e o coronel João Carlos Rodrigues Ferreira, inspetor-geral da Polícia Militar. Até agora, 11 policiais acusados de envolvimento com o crime estão presos.

Segundo Paulo Ramos, os dois coronéis teriam intenções de se candidatar a um cargo eletivo, nas eleições de 2006. O pedetista afirma que, após ter saído de seu posto na Baixada Fluminense por tempo de serviço, o coronel D'Ambrósio deixou, tanto em seu lugar quanto à frente dos batalhões da região, policiais fiéis a seu comando.

Ainda segundo o deputado, o coronel João Carlos teria feito alterações radicais no comando destas unidades com a condição de apoiá-lo no próximo pleito, o que pode ter gerado o descontentamento de parte da tropa ligada a D'Ambrósio.

"A ação destes homens teria o objetivo de desestabilizar o comando de policiamento da Baixada Fluminense e o comando da Secretaria de Segurança Pública com fins eleitorais, o que é uma desgraça", disse Ramos. O parlamentar disse ainda que esta hipótese foi levantada após conversas que teve com oficiais da Polícia Militar que atuam na Baixada Fluminense.

Para o secretário Marcelo Itagiba, o dado levantado por Paulo Ramos é muito importante e deverá ser avaliado pela equipe responsável pela apuração do inquérito. Ele disse que não havia ainda recebido qualquer informação semelhante à relatada pelo parlamentar. "O que havia era o depoimento de uma testemunha, que disse ter ouvido os envolvidos no crime em um bar, onde diziam que a ação seria uma retaliação à troca de comando em alguns batalhões da Baixada.

Ao que parece, a questão não dizia respeito só à troca de comando no 15º Batalhão (Duque de Caxias), mas às mudanças feitas na região como um todo", concluiu o secretário. Itagiba pretende ainda que o parlamentar indique testemunhas que fundamentem melhor a denúncia, junto à investigação do caso.

Segundo ele, o inquérito foi prorrogado para que seja feito um levantamento maior de provas técnicas, para endossar ainda mais a denúncia que será feita pelo Ministério Público. "Quero que esta Casa tenha a certeza de que a Secretaria de Segurança Pública fará o possível para levar os responsáveis por este crime às raias do Tribunal de Justiça", declarou.

Vice-presidente da comissão, o deputado Paulo Melo (PMDB) disse que não tinha as informações sobre brigas políticas terem motivado o crime, mas lembrou que os policiais envolvidos no caso eram comandados diretamente pelo coronel D'Ambrósio. "Recebi informações que davam conta de que eles eram muito ligados a este coronel.

As investigações precisam chegar à cadeia de comando dos agentes deste crime, porque eu custo a acreditar que alguém decidisse uma ação desta abrangência sem um planejamento, sem imaginar que pudesse haver resistência. Eles não dispararam só um ou dois tiros, eles descarregaram as armas, não é possível que isto tivesse acontecido sem um mínimo de parcialidade com quem estava de serviço naquele dia", acusou.

Para o presidente da comissão, deputado Geraldo Moreira (PSB), é necessário que as investigações cheguem até os verdadeiros responsáveis pela chacina. "Apontar os culpados diretos, mas sem revelar quem estava por trás do crime, só mostra que o trabalho só está 40% completo", afirmou o parlamentar.





Fonte: Terra

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