Gatlin prevê mudanças no atletismo mundial
"Há muitas estrelas aparecendo", disse Gatlin. "Há muita animação no atletismo. Espero poder ficar por cima."
O norte-americano abriu sua temporada no último sábado recuperando uma diferença de cinco metros e levando os Estados Unidos à vitória na corrida dos 4x100m no Penn Relays.
No mesmo dia, Maurice Greene, antecessor de Gatlin na vitória dos 100m olímpicos, marcou o tempo mais rápido do ano, 10s03, na Martinica.
Marion Jones, que tem o recorde de cinco medalhas nas Olimpíadas de Sydney, em 2000, liderou os EUA nos 100m femininos, no Caribe.
Mesmo antes das vitórias de sábado, Gatlin já havia se referido, sem intenção, a Greene e Jones no tempo passado.
"Tive a oportunidade de ver Michael Johnson, Maurice Greene, Marion Jones, pessoas que eram muito mais velhas do que eu e que pude ver e tentar imitar. Eles eram adultos. Agora sou o mais velho, com 23", disse.
Enquanto Gatlin inicia, Greene, que terminou em terceiro em Atenas, está com 30 anos. Ele ainda pode correr bem, mas está cada vez mais exposto a contusões e provavelmente terá que lutar em Helsinque na busca pelo quarto título mundial.
A saga de Jones é mais problemática. Ela nem se aproximou da forma que mostrou em Sydney desde que se retirou para dar à luz um filho do parceiro Tim Montgomery. A norte-americana complicou-se ainda no escândalo de doping envolvendo o laboratório Balco.
Apesar de nenhum atleta ter sido pego em testes de drogas, Montgomery, recordista mundial dos 100m, vem sendo acusado de violações sérias de doping e Jones está sendo investigada pela Agência Antidoping dos EUA.
O recordista mundial dos 200m e 400m masculinos, Michael Johnson, escreveu em um jornal britânico nesta semana: "Eu disse em 1999 que Marion Jones seria a pessoa perfeita para me suceder e levar o esporte a uma nova era. Ela nos decepcionou muitas vezes de maneiras diferentes e tudo pode ser seguido por uma série de más decisões."
Johnson treina agora Jeremy Wariner, seu sucessor como campeão olímpico dos 400m e provavelmente a nova sensação da geração de velocistas dos EUA. Wariner, 21 anos, compartilha do otimismo de Gatlin sobre o futuro do atletismo.
"Os jovens atletas estão começando a aparecer agora", disse. "Os jovens atletas estão famintos."
Wariner tem no alvo o recorde mundial de Johnson, de 43s18, estabelecido no Mundial de 1999. em Sevilha.
"Este é o meu objetivo neste ano", disse. "É uma grande possibilidade."
Vitória esmagadora
Uma vitória esmagadora dos norte-americanas nos 400m em Helsinque, seguida de um recorde mundial dos 4x400m, parece uma boa aposta. Otis Harris e Derrick Brew chegaram atrás de Wariner, em Atenas, e os adolescentes LaShawn Merritt e Kerron Clements chegaram abaixo do 45s na temporada em estádios fechados.
O chinês Liu Xiang, outro potencial recordista, também competirá em Osaka depois de marcar o melhor tempo do ano, 13s23, nos 110m com barreiras em Zhongshan no mês passado. Liu igualou o recorde mundial do britânico Colin Jackson de 12s91 na final de Atenas.
As duas estrelas de 2004 já confirmaram a boa forma na temporada interna do hemisfério norte.
A russa Yelene Isinbayeva quebrou o recorde mundial indoor do salto com vara quatro vezes em quatro competições. A barreira dos cinco metros parece agora uma formalidade.
"No momento a barra é o meu único rival", disse ela depois de marcar 4m90 no campeonato europeu em estádios cobertos, em Madri.
A também talentosa Carolina Kluft, sueca, marcou um recorde nacional no heptatlo em Madri.
"Vou continuar fazendo isso até que não me divirta mais e quando não me der mais nada", disse.
Por fim, o etíope Kenenisa Bekele, que se recuperou da morte repentina da noiva e venceu seu quarto cross country mundial, acrescenta mais um ingrediente a uma temporada de ótima qualidade.
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