Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Quinta - 05 de Maio de 2005 às 18:20
Por: Benedito Mendonça

    Imprimir


Brasília - A perda de intensidade da atividade industrial verificada no primeiro trimestre deste ano pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em seu Indicador Industrial, divulgado hoje, sugere caminhos diferentes no panorama do emprego industrial. De acordo com a pesquisa realizada com cerca de 3 mil empresas, na visão otimista destaca-se que, apesar de a queda do faturamento se prolongar por três trimestres, as empresas continuam a contratar, indicando que o atual desempenho desfavorável da atividade industrial "ainda não afetou as perspectivas de crescimento para 2005". Na visão pessimista, analisa a CNI, ressalta-se que o ritmo de expansão do emprego e, principalmente, dos salários está em desaceleração e, portanto, "o recuo das vendas reais e das horas trabalhadas na indústria já afeta o mercado de trabalho".

O Indicador Industrial sustenta que a perda de intensidade da atividade industrial não impediu que a indústria opere com alto índice de utilização da capacidade instalada. Em março, a indústria operou com 83,2% da capacidade instalada. Neste início de ano, confirmam os dados, as industrias operam, em média, com 81,9% de aproveitamento do parque fabril, patamar superior aos 80,5% em igual período de 2004.

Um dado positivo revelado pela pesquisa é que o emprego industrial cresceu no último trimestre, seguindo uma tendência registrada há 18 meses. No entanto, ressalva o documento, o ritmo de expansão também perde intensidade. Em março, o emprego na indústria aumentou 0,20% diante de fevereiro. Na comparação com 2004 as variações ainda são "muito positivas" com expansão de 6,92% no primeiro trimestre do ano, em relação a igual período de 2004. O coordenador da Unidade de Política Econômica, Flávio Castelo Branco, explica que é verdade que o mercado de trabalho continua com variáveis positivas e o empresariado parece continuar otimista em relação a 2005, "mas, perda de ritmo é flagrante".

Segundo ele, uma característica do mercado de trabalho é ter uma reação mais defasada com relação às mudanças no ritmo da atividade. "Se no início o que se pensava era uma acomodação mais transitória do ritmo da atividade, e que o aumento da taxa de juros seria de menor intensidade e iria durar menos tempo, ela se prolongou por mais tempo e aumentou a intensidade", afirmou Castelo Branco. Ele, explica que isso pode estar contaminando as expectativas futuras do empresário. "O índice de confiança do empresário caiu e isso pode estar significando menores intenções de contratação também no futuro", alertou.

A pesquisa da CNI também aponta elevação da massa de salários pagos no setor industrial. Neste primeiro trimestre, os salários elevaram-se 0,81%, em comparação com o último trimestre de 2004. Conforme o constatado, na comparação desse primeiro trimestre com igual período de 2004, "o indicador de salários pagos ainda exibe a forte expansão de 9,12%".

O levantamento apontou que as taxas de juros vêm reduzindo a demanda e isso é preocupante. "O aumento dos juros encarece o crédito, desestimula os investimentos e com isso reduz a demanda doméstica por itens produzidos pela indústria". Castelo Branco vê um cenário de incertezas para o segundo semestre. "As razões que levaram a essa redução da atividade industrial nos últimos meses perduram: elevada taxa de juros e nenhuma sinalização da sua redução num horizonte próximo; a valorização do câmbio se intensifica: o dólar está a baixo de R$ 2,50 e isso é um fator de redução de vendas das empresas que exportam".

O técnico criticou a taxa de juros como único meio de controle da inflação. Para ele, quando se eleva a taxa de juros se contrai a demanda privada. Sugere que talvez fosse a hora de se buscar também uma contribuição da demanda pública. "Uma contribuição no que diz respeito aos gastos públicos para reduzir a demanda total e, portanto, manter a inflação mais sob controle". Por outro lado, admite que o impacto da alta dos juros é pequeno no que diz respeito a preços contratados, os chamados preços administrados ou indexados, que continuam sendo corrigidos pela inflação passada. "Isso significa um enrijecimento muito forte do patamar da inflação", observa.





Fonte: Agência Brasil

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/341272/visualizar/