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Alemanha lembra capitulação do país como libertação
A Alemanha lembra a capitulação alemã na Segunda Guerra Mundial principalmente como "libertação" e como o "fim da guerra" que nos últimos meses foi muito dura para os agressores.
A disputa mais sangrenta da História, que resultou na morte de 60 milhões de pessoas, terminou há seis décadas na Europa com uma capitulação que no território do agressor, a Alemanha, representou o fim de meses em que a vida tinha se transformado em um inferno.
No primeiro semestre de 1945 cerca de dois milhões de civis alemães morreram vítimas da disputa, ao redor de um terço de todos os mortos na guerra, devido às más condições de vida e aos bombardeios.
Até muito pouco tempo atrás os alemães não se sentiam no direito de se lembrar do acontecimento e se verem também como vítimas, um tabu rompido em 2002 pelo ganhador do Prêmio Nobel de Literatura Günter Grass com o romance "Im Krebsgang", em que narra a catástrofe do naufrágio de um barco de refugiados alemães.
Antes disso, em 1985 o então presidente do país, Richard von Weizsaecker, foi responsável por um marco na lembrança do passado ao afirmar que, apesar de uma derrota vivida de forma dolorosa por muitos alemães, o fim da guerra tem de ser considerado "um dia da libertação".
A lembrança da guerra desemboca agora em uma formulação "oficial", aparentemente neutra, para se referir ao aniversário: "fim da guerra", expressão criticada pelos que reivindicam as palavras do ex-presidente e acham que não se pode falar de outra coisa que de "libertação".
Mas, como acontece na maioria de debates históricos na Alemanha, cada partido político aborda o assunto de acordo com o interesse, e assim a chefe da oposição conservadora, Angela Merkel, falou em uma recente entrevista à revista Die Zeit de uma libertação "que não foi para todos".
A líder democrata-cristã se referia à parte oriental do país, transformada anos depois em satélite comunista, e o fazia em perfeita consonância com o discurso de um partido que tende a enfatizar que no século XX a Alemanha não sofreu uma, mas "duas ditaduras", declaração que não deixa de incomodar determinadas pessoas.
E isso não é um debate abstrato, mas se reflete em coisas tão "reais" como as campanhas eleitorais. Por exemplo, em regiões com liderança da extrema direita essa idéia leva líderes conservadores a pedir aos eleitores que não recorram "aos extremos", igualando neonazistas e pós-comunistas.
Além de "libertação" ou "fim da guerra", o que marca o aniversário é o início de um processo de superação do trauma de uma ditadura totalitária responsável por uma guerra devastadora e que exterminou seis milhões de judeus com métodos industriais.
"Nosso país é até hoje um país profundamente traumatizado.
Ninguém se pergunta 'Sou normal?' se o for. Só se pergunta isso quem tem um problema, e nós temos um problema", disse na semana passada o ministro de Exteriores, Joschka Fischer.
"Minha tese é a seguinte: não discutimos sobre o que os alemães fizeram a si mesmos. Os nazistas destruíram este país maravilhoso em nome da Alemanha. De fato, e este é o ponto de inflexão, destruíram a alma deste país."
No primeiro semestre de 1945 cerca de dois milhões de civis alemães morreram vítimas da disputa, ao redor de um terço de todos os mortos na guerra, devido às más condições de vida e aos bombardeios.
Até muito pouco tempo atrás os alemães não se sentiam no direito de se lembrar do acontecimento e se verem também como vítimas, um tabu rompido em 2002 pelo ganhador do Prêmio Nobel de Literatura Günter Grass com o romance "Im Krebsgang", em que narra a catástrofe do naufrágio de um barco de refugiados alemães.
Antes disso, em 1985 o então presidente do país, Richard von Weizsaecker, foi responsável por um marco na lembrança do passado ao afirmar que, apesar de uma derrota vivida de forma dolorosa por muitos alemães, o fim da guerra tem de ser considerado "um dia da libertação".
A lembrança da guerra desemboca agora em uma formulação "oficial", aparentemente neutra, para se referir ao aniversário: "fim da guerra", expressão criticada pelos que reivindicam as palavras do ex-presidente e acham que não se pode falar de outra coisa que de "libertação".
Mas, como acontece na maioria de debates históricos na Alemanha, cada partido político aborda o assunto de acordo com o interesse, e assim a chefe da oposição conservadora, Angela Merkel, falou em uma recente entrevista à revista Die Zeit de uma libertação "que não foi para todos".
A líder democrata-cristã se referia à parte oriental do país, transformada anos depois em satélite comunista, e o fazia em perfeita consonância com o discurso de um partido que tende a enfatizar que no século XX a Alemanha não sofreu uma, mas "duas ditaduras", declaração que não deixa de incomodar determinadas pessoas.
E isso não é um debate abstrato, mas se reflete em coisas tão "reais" como as campanhas eleitorais. Por exemplo, em regiões com liderança da extrema direita essa idéia leva líderes conservadores a pedir aos eleitores que não recorram "aos extremos", igualando neonazistas e pós-comunistas.
Além de "libertação" ou "fim da guerra", o que marca o aniversário é o início de um processo de superação do trauma de uma ditadura totalitária responsável por uma guerra devastadora e que exterminou seis milhões de judeus com métodos industriais.
"Nosso país é até hoje um país profundamente traumatizado.
Ninguém se pergunta 'Sou normal?' se o for. Só se pergunta isso quem tem um problema, e nós temos um problema", disse na semana passada o ministro de Exteriores, Joschka Fischer.
"Minha tese é a seguinte: não discutimos sobre o que os alemães fizeram a si mesmos. Os nazistas destruíram este país maravilhoso em nome da Alemanha. De fato, e este é o ponto de inflexão, destruíram a alma deste país."
Fonte:
EFE
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/341358/visualizar/
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