Pesquisas afirmam que Blair será reeleito pela segunda vez
A mais recente pesquisa de intenções de voto, divulgada hoje pelo jornal The Guardian, aponta para uma vitória trabalhista, com 38% dos votos, com os conservadores obtendo 32% e o Partido Liberal Democrata atraindo um apoio de 22%. Outras pesquisas seguem na mesma direção, embora sinalizem distâncias variadas entre os partidos.
As casas de apostas são outro indicador do franco favoritismo do primeiro-ministro. Na Ladbrokes, uma vitória trabalhista pagava ontem apenas 1,03 para cada libra apostada. Já um triunfo conservador prometia um retorno de 11 libras para cada libra apostada.
Mas apesar de estar praticamente certo de que obterá uma vitória histórica - seria a primeira vez que um líder trabalhista obteria seu terceiro triunfo - Blair e seu partido temem que a folgada maioria que detêm no Parlamento seja substancialmente reduzida, o que enfraqueceria o poder que exerce há sete anos.
Imagem arranhada
Mas apesar de ter mais uma vitória praticamente no bolso e assim garantir um lugar entre os principais líderes políticos da história contemporânea britânica - ao lado, por exemplo, de Margareth Thatcher - Blair não demonstra a jovialidade e alegria dos anos anteriores. Sua postura na crise do Iraque teve o efeito de estilhaçar de vez a sua imagem de "bom moço" junto à população, que antes disso já vinha demonstrando impaciência com seu estilo centralizador e focado na manipulação dos fatos para a mídia.
Falar que os britânicos estão indiferentes à eleição seria um exagero. "Conformados", é a expressão mais correta. Muitos eleitores, ao darem a vitória a Blair, estarão na verdade renovando o mandato dos trabalhistas. Blair já anunciou que essa será a sua última eleição e o chanceler e ministro das Finanças, Gordon Brown, deve ser o próximo líder trabalhista.
Indecisos preocupam
A preocupação dos trabalhistas, na reta final de campanha, se concentrou nos indecisos (que somariam um terço dos 44 milhões de eleitores inscritos) e, principalmente, na migração de seus eleitores tradicionais para os liberal-democratas, que condenaram a participação do país no conflito iraquiano e defendem uma agenda política mais à esquerda que os trabalhistas. Além disso, Blair teme que a previsibilidade do resultado da eleição bem como o tempo ruim hoje sirvam como um desestímulo ao comparecimento às urnas dos seus eleitores.
Os conservadores, comandados por Michael Howard, mantiveram até o final da campanha um discurso otimista, apostando numa vitória e reiterando seus ataques contra Blair, a quem chamam ´de mentiroso´ ou Bliar por causa do episódio do Iraque. Nos bastidores, no entanto, os conservadores temem que os liberal-democratas, capitaneados pelo deputado Charles Kennedy, surpreendam, ficando em segundo lugar. E, dessa forma, rompendo a dobradinha Labour e Tory que domina a política britânica desde a primeira metade do século 20.
Blair reiterou que sua vitória significa a continuidade dos bons ventos econômicos que sopram no Reino Unido. Kennedy, por sua vez, manifestou confiança de que os liberal-democratas, até hoje apontados como terceira força política do país depois de trabalhistas e conservadores, estão no limiar de um avanço histórico. Trabalhismo domina discurso
As possíveis explicações para a vitória de Blair são muitas. O partido trabalhista, na verdade, consolidou-se como uma instituição de centro-direita, apoderando-se de um espaço e discurso que antigamente era dominado pelos conservadores. O excelente desempenho da economia desde que os trabalhistas assumiram o poder em 1997 - que bem na verdade já começaram no governo anterior, de John Major, conservador - tornaram mais difícil o trabalho dos conservadores, que não conseguiram apresentar uma perspectiva mais promissora para o gerenciamento do país.
Além disso, Howard, menos carismático do que Blair, tentou adotar durante boa parte de sua campanha um discurso mais nacionalista, anti-imigração, que parece não ter sido bem digerido por uma população cada vez mais habituada à enorme diversidade racial, étnica e religiosa do país.
Comentários