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Cidades/Geral
Quarta - 04 de Maio de 2005 às 14:01
Por: ALECY ALVES

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Há meses autoridades de saúde pública tentam convencer uma paciente portadora de tuberculose multirresistente a fazer o tratamento regular contra a doença.

No último final de semana, por determinação do Juizado Especial Criminal, S.M.S., 35 anos, foi encaminhada para internação no hospital psiquiátrico Adauto Botelho, mas fugiu duas vezes em menos de 24 horas.

Lá, por falta de leito com isolamento, a paciente teve de ser levada ao Pronto-Socorro de Várzea Grande, onde deveria ficar sob a vigilância de enfermeiros do Adauto. S.M.S. fugiu no intervalo da troca de plantões.

Embora a doença atinja poucas pessoas, é considerada um risco à saúde pública devido seu alto grau de contágio e dos índices de óbitos. Em Mato Grosso, 22 casos foram diagnosticados desde 1998, ano em que o tratamento passou a ser feito no estado. Desses, somente cinco tiveram a cura comprovada – menos de 30%.

Na maioria dos casos, a tuberculose multirresistente é detectada em pacientes que adquiriram a doença na forma primaria e não seguiram o protocolo de cura estabelecido para o sistema nacional de saúde. Ou seja, reincidiram no abandono da medicação por várias vezes até que o bacilo ficasse resistente às drogas.

O pneumologista Ronaldo Cuiabano, do ambulatório de pneumologia do Centro Estadual de Referência em Média e Alta Complexidade (Cermac), alerta que mesmo quando obtém a cura aquele que desenvolve a tuberculose multirresistente fica incapacitado para o trabalho.



“Morrem ou passam 10, 12 e até mais anos em tratamento”, observou Ronaldo Cuiabano, uma das maiores autoridades nesse assunto em Mato Grosso.

Conforme o especialista, muitas vezes a doença tem outros problemas associados, como o consumo de álcool e outras drogas, Aids e ao desajuste familiar. Nessas situações, os pacientes deixam de tomar os remédios como forma de chamar a atenção ou para continuar consumindo drogas, já que a combinação das duas coisas potencializa os efeitos colaterais.

Há 30 anos acompanhando pacientes tuberculosos no sistema público de saúde, o especialista diz que a cirurgia para retirada da parte do pulmão comprometida pela doença seria um procedimento importante no complemento das tentativas de cura.

Entretanto, nessas três décadas de atuação, Cuiabano disse que apenas dois pacientes foram operados no Brasil. Um deles em São Paulo e o outro em Cuiabá.

Falta unidade hospitalar adequada à cirurgia e mesmo para as internações emergenciais de pacientes com essa variação da tuberculose. Não há, em nenhuma cidade mato-grossense, hospital de referência para internação ou com isolamento para pacientes com tuberculose.

A diretora do Cermac, Maria Conceição Villa, diz que o Hospital de Doenças Tropicais, recém aprovado em projeto de lei e que funcionará no antigo prédio do Hospital São Thomé no bairro Concil, terá ala de isolamento específica para portadores de tuberculose. Mas não há data para a unidade entrar em funcionamento.

No caso da paciente S.M.S., de 35 anos, Conceição Villa assegurou que todas as medidas necessárias foram adotadas para mantê-la no Adauto Botelho sem que coloque em risco a saúde de outros internos. Além da necessidade de tratar da tuberculose, o comportamento dela nos últimos meses apontaria para problemas mentais.

No hospital, diz Conceição, técnicos do ambulatório de pneumologia terão como ministrar as doses diárias da medicação, enquanto no ambulatório dependiam do comparecimento da paciente, o que não vinha acontecendo. Ou de visitas domiciliares, um serviço que também era recusado por ela.





Fonte: Diário de Cuiabá

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