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Internacional
Quarta - 04 de Maio de 2005 às 12:44

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Os movimentos migratórios podem influir diretamente na redução da pobreza, incidir na vulnerabilidade das mulheres, tornar-se um obstáculo para o bom funcionamento dos sistemas de saúde e contribuir para a degradação do meio ambiente, segundo um estudo apresentado nesta quarta-feira pela Organização Internacional das Migrações (OIM). A pesquisa estabelece os vínculos entre os fluxos migratórios e as Metas de Desenvolvimento do Milênio, formulados pela ONU há cinco anos.

As dificuldades econômicas e as condições sociais constituem dois fatores principais que levaram as pessoas a emigrar e se tornaram uma "estratégia de sobrevivência para os pobres".

No entanto, o estudo ressalta que a maioria dos imigrantes internacionais não pertence "aos pobres", mas têm acesso a certos recursos, pois os mais necessitados emigram para lugares mais próximos.

Nesse sentido, aponta que "a pobreza e a vulnerabilidade podem ter dois efeitos contraditórios: tornar-se estímulos para a emigração ou reduzir a possibilidade pelos custos envolvidos".

Outra dimensão da relação entre pobreza e migração, que causa preocupação nos países em desenvolvimento, refere-se à saída de profissionais a um ritmo mais rápido do que podem ser substituídos.

Dados da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África indicam que, entre 1975 e 1984, cerca de 40 mil profissionais africanos emigraram para países industrializados, uma cifra que em 1987 tinha sido duplicada, "representando 30% da mão-de-obra altamente qualificada".

Calcula-se que desde 1990 pelo menos 20 mil profissionais e pessoal qualificado tenham deixado o continente africano todo ano.

No entanto, o impacto da migração também pode ser positivo, como demonstra o caso de alguns países asiáticos, "onde as diásporas ajudaram a impulsionar o desenvolvimento econômico e a estabelecer nexos econômicos e políticos entre os países de origem e de destino".

O relatório menciona que 19 entre 20 companhias de programação informática da Índia foram fundadas ou dirigidas por profissionais da indianos.

Quanto à relação da migração com o objetivo da ONU de eliminar a disparidade de sexos na escola em 2015, o estudo afirma que a migração pode contribuir para aumentar o poder nas mãos das mulheres.

Cerca de 50% dos imigrantes em escala mundial são mulheres, que deixaram de ser "empregadas" de um membro masculino de sua família para emigrar de maneira independente ou como donas de casa. Soma-se a isso a tendência das mulheres imigrantes de enviar uma parte superior de sua renda como remessas em comparação com os homens.

No entanto, a migração feminina pode ter um maior impacto na "ruptura das relações familiares tradicionais e dos sistemas sociais nos países de origem".

Outro aspecto negativo é que a migração envolve maiores perigos para as mulheres do que para os homens, pois elas são mais vulneráveis a privações, discriminação e abusos verbais, físicos e sexuais, além de serem vítimas mais fáceis dos traficantes.

No âmbito da saúde, o estudo considera que os imigrantes são mais suscetíveis de contrair doenças em sua chegada aos países de destino, o que pode representar um grande peso para os sistemas de saúde, principalmente dos países pobres.

A migração dos trabalhadores da saúde também se tornou um grave impedimento para o funcionamento apropriado desses serviços nos países de origem.

Finalmente, o estudo destaca que o meio ambiente pode sofrer danos em situações de emigração por causa de violência, devido ao êxodo maciço de refugiados. Os acampamentos de emergência instalados para esses grupos costumam provocar a médio prazo o desgaste e deterioração das áreas onde estão localizados.

A importante demanda de madeira para construir os refúgios e cozinhas contribui para aumentar esse efeito negativo, "o que pode deixar a população local em meio a um enorme problema ecológico ao final dessas operações humanitárias", assinala o documento.





Fonte: EFE

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