Peru suspende medidas de confiança ao Chile e revive "conflitos superados"

Santiago do Chile e Lima - O vice-presidente do Senado do Chile e especialista em temas de defesa, Jaime Gazmuri, disse terça-feira que o anúncio do governo do Peru de suspender as medidas de confiança com o Chile "revive conflitos superados amplamente".

"Eu não encontro nenhuma explicação para esta agressividade do governo do presidente Alejandro Toledo e acho muito infeliz a última declaração do governo peruano", ressaltou o parlamentar.

Gazmuri referia-se ao fato de o governo do Peru ter considerado ontem "completamente insatisfatória" a resposta do Chile a seu protesto pela venda de armas ao Equador, e ao anúncio da suspensão das medidas de confiança mútua e coordenações bilaterais.

O presidente do Conselho de Ministros, Carlos Ferrero, confirmou, em entrevista coletiva, que o Peru recebeu ontem a resposta oficial do Chile, que considerou "insatisfatória" perante o ato "inamistoso" produzido durante a guerra peruano-equatoriana de 1995.

Ferrero disse que a atual situação entre os dois países "não é propícia" para iniciar conversas para a assinatura de um Tratado de Livre Comércio e assinalou que também não serão realizadas reuniões do mecanismo "Dois por Dois", que compreende o encontro entre os chanceleres e ministros da Defesa.

"Esperávamos do Chile desculpas explícitas perante o que ocorreu", indicou o primeiro-ministro, para depois assinalar que os argumentos peruanos vieram de uma "investigação não objetiva".

O governo do Peru apresentou na segunda-feira passada uma nota de "protesto e estranheza" pela venda de armas do Chile para o Equador em 1995.

Peru também expressou seu protesto com um voto em branco durante a eleição do chileno José Miguel Insulza para a Secretaria-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

O governo chileno respondeu dizendo que o caso da venda de armas já foi explicado pelas autoridades do país em 1995.