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Economia
Domingo - 01 de Maio de 2005 às 09:37
Por: Mariana Peres

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O setor industrial de Mato Grosso fez as contas e não está satisfeito com o resultado. O aumento na tarifa de energia elétrica, autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em vigor desde o último dia 8, passará – em média - dos 20%. Os segmentos mais atingidos pelo percentual – variável de acordo com o nível de tensão – são as plantas frigoríficas, as beneficiadoras de arroz, as madeireiras, as indústrias de mineração, calcário e de panificação. Grande parte delas está impedida pelas leis de mercado de repassar este aumento para o produto final.

O alerta veio do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), Nereu Pasini, que frisa que o aumento será na prática acima de 21%. “É um percentual que extrapola a capacidade da indústria absorver. É um custo que não podemos repassar, afinal, temos uma inflação no ano de 2004 que limita o aumento a 6%. Este reajuste está acima de qualquer índice de correção”, analisa.

O superintendente da Fiemt, Antônio Carlos Machado Matias, explica que reajuste com este índices afeta em grande parte as indústrias de menor porte, as classificadas na subfaixa A4 com consumo de 2,3 quilowatts (kV) a 25 kV. “A média de consumo das indústrias de Mato Grosso é de 13,8 kV, ou seja, a maior parte destes empreendimentos está no A4, que tem média de reajuste de 21,2%. Resumindo, é um tiro de misericórdia no setor, isso porque a principal atividade industrial está atrelada à produção de grãos, que por sua vez é cotada no mercado internacional, o que impede que este custo seja repassado ao produto, o industrial absorve isso, perda rentabilidade, deixa de contratar e num estágio mais avançado começa a cortar despesas com as demissões”, avalia.

“Alguns setores poderão repassar este acréscimo nos custos de produção. Temos dois grupos industriais, os que operam com commodity e exportação, ligados a política e influências macroeconômicas – impedidos de passar o aumento ao produto final – e os que atendem ao mercado interno e poderão diluir este reajuste”, esclarece Matias.

O superintendente revela que na maioria das indústrias A4 os custos com energia correspondem a 30% do total. Por exemplo, Matias frisa que quem opera com commodity terá de transformar o aumento em perdas. “Esse segmento já está mal em função da queda do dólar. Ou porque compra e vende no preço de mercado, ou porque exporta e encontra no dólar um outro empecilho”, acrescenta.

Além disso, Matias explica que a partir de maio os empresários contabilizarão outro peso na composição dos custos, cerca de 12% do aumento promovido pelo reajuste do salário mínimo.

No caso do setor de extração de calcário, por exemplo, o segmento enfrenta uma retração no consumo, em função do comportamento do agronegócio nesta safra e “ainda assim seremos obrigados a repassar 10% a um cliente que está com dificuldades, mas não vemos outra solução para tentar acomodar as perdas”, justifica o diretor da Império Calcário, Cleverson Cabral.

Matias reforça que diante deste cenário, quem tinha um lucro de 18%, terá perdas de pelo menos 10%, ficando com uma margem muito reduzida e vulnerável. “Muitos projetos, principalmente na área de mineração, poderão estar inviabilizados no Estado em função desta onda de aumentos”, sentencia.

O superintendente esclarece que o aumento que incide desde o último dia 8 poderá demorar até um ano para ser totalmente diluído para o consumidor final. “Quem pode repassar vai transferir reajustes aos poucos, mas para a indústria o efeito é imediato”.




Fonte: Diário de Cuiabá

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