Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Domingo - 01 de Maio de 2005 às 08:43
Por: Patrícia Neves

    Imprimir


Embora seja impossível acabar com o crime de pistolagem é inegável que Mato Grosso viveu duas épocas distintas. A prisão dos ex-policiais Hércules Araújo Agostinho, Célio Alves de Oliveira, José de Barros Costa, João Leite, e as mortes do sargento José Jesus de Freitas e do tenente Ciney Taques, assassinados em 2002, encerrou uma era marcada pela insegurança e pelo sentimento de impunidade. Em comum todos eram policiais militares ligados a João Arcanjo Ribeiro. No esquema de pistolagem, o único civil, João Leite, era a figura que intermediava ou "acertava" os negócios em nome da organização.

Apesar de jamais ter encontrado Arcanjo, Hércules - tido como principal pistoleiro da organização - responde a sete processos em que Arcanjo aparece como mandante. O ex-cabo era tido como um militar exemplar. Disciplinado, exímio atirador e obediente aos superiores hierárquicos.

De 2000 a 2002 Hércules matou pelo menos 11 pessoas a mando do crime organizado. Ele foi preso em outubro de 2002 e dois meses depois o Ministério Público Federal (MPF) colocou fim à organização que explorava caça-níqueis, jogo do bicho, extorsões, operação nacionalmente conhecida como "Arca de Noé".

"Depois da Operação Arca de Noé desvendamos 15 assassinatos e temos ainda outras investigações em andamento. Os crimes de pistolagem existem em qualquer lugar", afirmou o promotor Mauro Zaque, do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a quem Hércules confessou uma série de assassinatos.

Questionado sobre investigações que envolvem outros crimes de pistolagem o promotor preferiu não comentar.

Reforma agrária - A disputa por terras também é responsável pela ação de pistoleiros como nos casos da advogada Irene Bricati, executada em abril do ano passado em Alta Floresta (800 km de Cuiabá), ou do pecuarista Valdênio Viriato, morto em agosto de 2002 em Cuiabá, ou ainda do médico Bodan Baranhuki, assassinado no ano passado em Marcelândia (528 km de Cuiabá). A advogada trabalhava com conflitos agrários. Valdênio e Bodan tinham litígios envolvendo grandes áreas. Apenas o caso de Irene ainda permanece sem esclarecimento e está sob os cuidados do Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO).

No Brasil os "crimes de mando" ou de "encomenda" ganharam destaque na década de 80 com o assassinato de lideranças camponesas como Chico Mendes, no Acre.

Conforme o secretário de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Célio Wilson de Oliveira, a ação de pistoleiros é investigada em regiões como Matupá, Aripuanã, Colniza. Ele frisou ainda que a situação é preocupante. "A explosão populacional dessas regiões demonstra que existem grupos atuando, principalmente vindos de Rondônia, para a grilagem de terras".




Fonte: A Gazeta

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/342244/visualizar/