O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, beija um crucifixo ao pronunciar-se em rede nacional, no Palácio dos Miraflores em Caracas, Venezuela. Chávez foi submetido a uma cirurgia em Cuba devido à reincidência de um câncer, que colocou em risco sua permanência no governo e paralisou a política no país. 8/12/2012 (Foto: Palácio dos Miraflores / Reuters)
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, foi submetido a uma cirurgia em Cuba, nesta terça-feira, devido à reincidência de um câncer, que colocou em risco sua permanência no governo e paralisou a política no país.
"Meu querido amigo e colega, comandante Hugo Chávez, está passando pelo momento mais difícil de sua vida", afirmou o presidente do Equador, Rafael Correa. "Ele está sendo operado neste exato momento. É uma cirurgia muito delicada".
O presidente venezuelano, de 58 anos, voltou a Cuba esta semana para uma quarta operação desde meados de 2011, depois que uma terceira recorrência de câncer foi descoberta na região pélvica.
Autoridades do governo venezuelano vêm aparecendo na TV estatal para prometer lealdade a Chávez, mas não deram detalhes de sua condição, que é tratada quase como um segredo de Estado.
Chávez nomeou o vice-presidente e ministro das Relações Exteriores, Nicolás Maduro, como sucessor para liderar a sua revolução socialista caso ele esteja incapacitado.
Maduro, de 50 anos, um ex-motorista de ônibus e ativista sindical, não tem o carisma de seu chefe e o talento político, mas representaria a continuidade das políticas caso ele tenha que assumir.
A nomeação de Maduro, no entanto, irritou alguns na oposição da Venezuela, que dizem que os eleitores --e não Chávez-- irão decidir quem o sucederá se uma eleição for realizada no prazo de 30 dias de sua saída do cargo, como manda a Constituição.
"A Venezuela não é uma monarquia com um príncipe como herdeiro", disse o líder de oposição Antonio Ledezma.
Se for realizada uma eleição, o candidato da oposição Henrique Capriles, que perdeu para Chávez em uma eleição presidencial em outubro, mas obteve o recorde de 6,5 milhões de votos para a oposição, poderia ter uma segunda chance de chegar ao poder.
Acredita-se que Chávez está internado no hospital Cimeq, em Havana, segundo algumas fontes políticas em Caracas, embora nenhuma informação oficial sobre a situação seja divulgada a partir de Cuba.
Amigos de Chávez ao redor da região enviaram mensagens de apoio, e o seu colega esquerdista Rafael Correa voou para Cuba na segunda-feira para visitá-lo.
Os problemas de saúde de Chávez provocaram um rali nos bônus da Venezuela, dada a preferência de muitos investidores por um governo mais favorável aos negócios em Caracas.
A saga da saúde mais uma vez ofuscou as grandes questões nacionais, tais como as eleições estaduais no domingo, uma desvalorização amplamente esperada da moeda bolívar e uma anistia proposta para presos e inimigos políticos exilados de Chávez.
Maduro, um socialista comprometido que abraçou as visões de Chávez no cenário internacional nos últimos seis anos, indicou que ele seguiria as suas políticas, incluindo o controle pesado do Estado sobre a economia.
"Controles de câmbio têm funcionado bem, e sim podem ser melhorados, vão ser melhorados", disse ele sobre uma questão preocupante para muitos venezuelanos que já consideram uma provável desvalorização do bolívar em torno do Ano Novo.
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