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Nacional
Quinta - 28 de Abril de 2005 às 07:19
Por: Vasconcelos Quadros

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Boa Vista - Fracassou a primeira negociação tentada pelo governo de Roraima pela libertação dos quatro policiais federais mantidos como reféns na aldeia Flexal, em Uiramutã, na reserva Raposa Serra do Sol desde sexta-feira à tarde. A tensão se agravou ainda mais depois que os índios fizeram uma assembléia durante a permanência do grupo formado por três secretários designados pelo governador Ottomar Pinto e informaram que não há a menor chance de libertação. Eles condicionam a libertação a uma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela revogação do decreto de homologação que incluiu como área contínua da reserva três comunidades com população branca e a região dos arrozais. Eles também recusaram o governo estadual como negociador do impasse.

Nesta quarta-feira, o governador Ottomar Pinto negou à Polícia Federal a cessão de 100 policiais de choque da Polícia Militar para apoiar uma ação dentro da reserva, alegando que as terras estão sob jurisdição federal. Há seis dias em cativeiro, os policiais já dão sinais de esgotamento. A fadiga se acentuou depois que as lideranças indígenas, preocupadas com o crescimento da concentração de índios _ que chegam de outras aldeias da região _, decidiram isolar os quatro numa casa de apoio que ninguém, a não ser os líderes, sabe onde fica. Os representantes dos governos não tiveram permissão para ver os reféns.

O secretário de comunicação do governador Ottomar Pinto, Rui Figueiredo, afirmou, com base nos relatos dos membros da comissão, que a situação é grave e há risco de perda de controle da situação. "Os índios não têm mais unidade e os ânimos se exaltaram. Como os policiais se recusaram a entregar as armas, eles tomaram à força. Afirmaram que sabem que a polícia vai invadir e que vai correr sangue", disse Figueiredo.

Segundo o relato, a expectativa de uma invasão de resgate é avaliada por índios que serviram o exército e acompanham a movimentação da polícia na região. O Tuxau Amazonas, líder da comunidade de Nova Vida retornou de Flexal na madrugada desta quarta-feira e também afirmou que o quadro é preocupante. "Não vi os policiais, mas me falaram um deles estava muito abalado e chorou", disse Amazonas. Segundo ele, os índios também não estavam em situação confortável, pois o longo tempo de vigília causa estresse e aumenta a possibilidade de descontrole dos mais afoitos. "É o governo que está fazendo o índio se revoltar. Queremos uma resposta oficial anulando a portaria da demarcação. Depois a gente discute o resto", afirma Amazonas.

Os índios contra a demarcação querem que o governo faça um plebiscito para ouvir a opinião dos 16.400 índios que moram na reserva. Cada notícia que chega de Boa Vista através de um aparelho de radiofonia, muda o humor dos índios. Na manhã desta quarta-feira, depois de informados que nenhuma resposta foi dada na audiência de Ottomar Pinto com os ministros, os índios reforçaram a segurança e se preparavam para retirar os reféns para outro local se percebessem qualquer movimentação da polícia em direção à aldeia.

O superintendente da Polícia Federal, José Francisco Mallmann descartou a possibilidade de uma ação de resgate nesse momento. "Nossa orientação é negociar à exaustão. Estamos num processo", disse ele. A PF tem sob seu controle 240 homens na região, boa parte deles especializados em ações de choque e distúrbios.

A ida da comissão à aldeia de Flexal foi determinada pelo governador Ottomar Pinto logo depois da audiência com os ministros da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, Aldo Rebelo, da Articulação Política, e Jorge Felix, do Gabinete Institucional, na noite de terça-feira. Os secretários que foram ao local são os de Justiça e Cidadania, Cesar dos Santos Rosa, o adjunto da Casa Civil, Joaquim Souto Maior Neto e da Secretaria do Índio, Adriano Francisco do Nascimento, da etnia macuxi, que permaneceu em Flexal. Adriano vinha acompanhando o caso desde a última sexta-feira, visitando a aldeia praticamente todos os dias.




Fonte: Agência Estado

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