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Internacional
Terça - 26 de Abril de 2005 às 19:10

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O anúncio de que os EUA concluíram não haver armas de destruição em massa no Iraque, divulgado hoje, foi recebido com total indiferença nos Estados Unidos. A notícia não foi veiculada pela televisão em geral e a maioria dos grandes jornais a noticiou nas páginas de dentro.

A Casa Branca, o Pentágono e a oposição do Partido Democrata não reagiram à divulgação do documento. O Presidente do EUA, George W. Bush, mudou a posteriori sua justificativa para invadir o Iraque e agora afirma que a invasão foi feita porque Saddam Hussein era um tirano e para promover a democracia no país e no Oriente Médio.

Os especialistas que buscaram as armas, liderados nos últimos meses por Charles Duelfer, um ex-inspetor da ONU, constataram que a guerra do Golfo de 1991 e as sanções das Nações Unidas acabaram com a capacidade de Saddam Hussein de produzir armas de destruição em massa. Além disso, concluíram que o regime de Saddam não tentou recuperar seu arsenal proibido, como afirmava Washington antes da invasão.

Os Estados Unidos não planejam nenhum trabalho adicional de busca de armas, embora tenha decidido manter equipes disponíveis para seguir eventuais pistas que surgirem. O documento afirma, no entanto, que as informações recebidas sobre o tema "são normalmente fraudes ou resultado da identificação errônea de materiais ou atividades". Os Estados Unidos concluíram que não há provas de que as supostas armas de destruição em massa do Iraque tenham sido escondidas na Síria e encerrou oficialmente a busca pelo arsenal, em meio à indiferença geral sobre o assunto.

Quando o arsenal proibido não apareceu imediatamente após a invasão do Iraque em março de 2003, algumas autoridades de Washington especularam que o regime de Saddam Hussein poderia ter enviado as armas para a Síria.

No entanto, os especialistas concluíram, num apêndice ao relatório preliminar de outubro, que é "improvável que tenha havido uma transferência oficial de armas de destruição em massa do Iraque para a Síria". Ainda assim, acrescentaram que era possível ter havido uma transferência "não oficial" desse material.

O documento, divulgado na noite de segunda-feira, afirma que todos os entrevistados iraquianos "negaram saber alguma coisa sobre restos de armas de destruição em massa que pudessem ter sido enviados em segredo à Síria".

A publicação do documento, de 92 páginas, pôs fim a uma operação de quase dois anos que mobilizou cerca de 1.500 especialistas e tradutores, que entrevistaram todos os cientistas iraquianos detidos, revistaram todas as instalações suspeitas e fizeram uma varredura no território iraquiano. O relatório provisório de outubro, de mil páginas, reconhecia que Saddam Hussein não possuía armas biológicas, químicas ou nucleares antes da invasão de 2003. O anexo ao relatório é a palavra final da equipe de investigadores da Agência Central de Inteligência (CIA) e do Pentágono.

O documento reconhece que existe o risco de cientistas iraquianos botarem seus conhecimentos sobre armas a serviço da Síria, do Irã ou dos rebeldes. No entanto, o texto conclui que em relação à colaboração com outros países, "existe só informação muito limitada apontando que isso esteja acontecendo e não há informação que indique que cientistas (iraquianos) tenham sido recrutados para trabalhar em programas de armas de destruição em massa". Os EUA acusam a Síria e o Irã de tentar obter acesso a armas proibidas.

O documento diz ainda que há provas de que apenas um cientista iraquiano esteja trabalhando para os rebeldes, ajudando na fabricação de munição para morteiros





Fonte: EFE

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