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Nacional
Terça - 26 de Abril de 2005 às 14:23
Por: Karla Correia

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BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem o comodismo do povo brasileiro, em especial da classe média, que não muda de banco para procurar juros mais baixos, nem deixa de fazer uso dos cartões de crédito.

- Às vezes o cara está no bar, com um grupo de amigos, tomando um chope. Todo filho de Deus tem direito de tomar um chopinho, de preferência na sexta-feira. E ele está lá, xingando o banco, os juros, o cartão de crédito dele, mas no dia seguinte é incapaz de levantar o traseiro da cadeira e ir ao banco mudar a sua conta para um mais barato. É um comodismo - afirmou.

Em mais um dia com discurso improvisado, Lula citou a falta de ''consciência'' dos clientes de cartão de crédito.

- É o comodismo das pessoas que reclamam de dia e, à noite, se conformam. Ou seja, não há uma ação, porque, se as pessoas tivessem consciência, ninguém pagava 8% de juro ao mês. Ninguém pagava, até porque não é pobre que tem cartão de crédito. É uma classe mais sabida, de maior posse - disparou.

Não é a primeira vez que o presidente critica os juros adotados pelas instituições financeiras. No ano passado, Lula sugeriu um boicote aos cartões de crédito, dizendo que os brasileiros deveriam evitar tomar empréstimos bancários para pressionar bancos e administradoras de cartões.

Segundo o presidente, que ontem sancionou a lei de criação do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, o governo tem dado oportunidade ao brasileiro, inclusive ao microempreendedor, de tomar dinheiro emprestado a juros menores.

- Não eram poucos os funcionários públicos brasileiros que chegavam no fim do mês e não recebiam o pagamento porque era todo descontado em favor da dívida - reafirmou.

O presidente lembrou do êxito do programa de financiamento do Banco do Brasil para os aposentados e pensionistas da Previdência Social e afirmou que os aposentados que recebem por outras instituições bancárias podem pedir a transferência de sua conta para o Banco do Brasil.

- Tenho certeza de que é isto o que o Banco do Brasil quer.

Com a nova lei sancionada ontem para o microcrédito será elevado de R$ 1 mil para R$ 5 mil o limite máximo de empréstimos concedidos a pessoas com renda bruta comprovada abaixo dos R$ 60 mil anuais.

A efetiva elevação desse teto depende ainda de decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) e deve ser proposta ao conselho em sua reunião ordinária no próximo mês.

A proposta não deve alterar o teto estipulado para os juros de 4% ao mês.

Ao todo, o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado tem reservados R$ 600 milhões para esses financiamentos, mas de acordo com o presidente Lula, o objetivo é atingir a marca de R$ 1 bilhão em um prazo de três anos.

- Estamos transformando o Brasil, que é um país capitalista, num país com capital na mão do povo - disse Lula, na solenidade de sanção da lei.

Do montante disponível hoje, R$ 200 milhões são de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e R$ 400 milhões são referentes aos 2% recolhidos pelo Banco Central, a título de depósitos compulsórios das instituições financeiras privadas e públicas.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entrará no programa com aporte de R$ 43 milhões, de acordo com o diretor de inclusão da instituição, Maurício Borges Leme.

Uma rede de 1,8 mil operadores financeiros distribuídos no país, entre organizações não-governamentais (ONGs), organizações da sociedade civil de Interesse Público (Oscips) e cooperativas de crédito intermediarão os contratos de financiamento entre os bancos e o público-alvo do programa. Novas cooperativas formadas como agentes repassadores de crédito deverão se cadastrar no Ministério do Trabalho, que vai colocar a lista de entidades credenciadas na Internet.





Fonte: JB Online

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