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Sábado - 23 de Abril de 2005 às 13:34
Por: Renata Petrocelli

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A distância entre aquele primeiro capítulo de Malhação, em 1995, e os que vão ao ar atualmente é muito maior que os 10 anos que os separam. Graças às mudanças constantes e à renovação de temas e protagonistas, o "folheteen", que começou abordando paqueras entre adolescentes em uma academia de ginástica, ganhou corpo, cabeça e complexidade - passou a ser ambientado num colégio e agregou temas mais pertinentes aos jovens.

Na TV brasileira, só um seriado alcançou a marca de 10 anos: Alô Doçura, exibido entre 1954 e 1964. Diretor de núcleo do programa, Ricardo Waddington atribui a longevidade aos temas usados na trama. "É uma pauta leve, respeitosa, abordada de modo a abrir a discussão entre os que convivem com os adolescentes", justifica.

De fato, hoje em dia Malhação não é visto apenas como um programa "para adolescentes". A mudança começou em 1999, quando o formato "músculos à mostra" já dava evidentes sinais de decadência. Chamado para tentar salvar o "folheteen", Ricardo constatou, através de pesquisas, que apenas 20% da audiência do horário era constituída de adolescentes. O jeito foi "repaginar" o programa, junto com Emanoel Jacobina, um dos criadores do formato, ao lado de Andréa Maltarolli. "Foi um momento crucial. Tiramos 25 de 27 personagens e criamos outros 21", ressalta Jacobina.

De lá para cá, já foram abordados temas como homossexualismo, erro médico, dependência química, aborto e injustiças sociais. As famílias dos personagens ganharam maior destaque e tramas próprias. E atores veteranos passaram a ter sempre um discurso na ponta da língua ao exaltar o programa, que já foi muito apontado como "laboratório" para jovens aspirantes à fama. "Não é só uma questão de audiência. Lá se presta um serviço com a elucidação de temas que são tabus para muita gente. É um programa para a família inteira", derrete-se Maitê Proença, que viveu a professora Daniela na temporada retrasada.

À parte qualquer "função social", é com números que Malhação se sustenta na programação da Globo. Além de não ser tão caro quanto as outras produções da casa, o "folheteen" faz bonito em setores como Internet, licenciamento e exportação. Dez países já compraram o programa, que é o mais visto no portal da Globo e atualmente mantém média de 34 pontos no Ibope, com 58% de share.

Os números não são tão altos quanto os da temporada anterior, que bateu recorde de audiência em outubro do ano passado, com 42 pontos de média - no mesmo dia, entre as novelas da emissora, apenas Senhora do Destino superou esta marca. Mas o diretor Ricardo Waddington não esconde a irritação quando perguntado sobre uma suposta crise no programa, atualmente estrelado por Fernanda Vasconcelos, Joana Balaguer e Thiago Rodrigues. "Se um atleta bate o recorde mundial e no ano seguinte fica meio segundo abaixo de sua própria marca, vão dizer que ele está em decadência?", reclama.

Entre a equipe, o clima é mesmo de animação. Em sua estréia como atriz, Joana Balaguer, intérprete da gravidíssima Jaque, mal pode acreditar que está no elenco do seriado, do qual era fã de carteirinha. "Encontrava os atores na rua e nem conseguia chamá-los pelos nomes verdadeiros. Era: 'Oi, Cabeção!'", brinca Joana, rindo da própria ingenuidade.

Para Oscar Magrini, em sua segunda passagem pelo programa, o entusiasmo dos jovens atores é justamente o que há de melhor nos bastidores. "É todo mundo com uma vontade incrível de acertar. Saio de lá renovado", derrama-se.

Outro que vem se sentindo "renovado" é Ricardo Hofstetter. Depois de três temporadas como autor responsável pelo "folheteen", ele agora "apenas" supervisiona o trabalho da equipe de roteiristas do programa. "Só leio e dou palpites. É bem mais tranqüilo. Antes, era um trabalho diário, de muitas horas", compara o autor, nem por isso menos envolvido com o trabalho. "Acho que o sucesso é fruto da seriedade com que o programa é feito. A equipe é muito unida e preocupada com a produção", opina Hofstetter, satisfeito.

Turma da pesada

O fiel público adolescente costuma passar muito tempo se referindo a seus ídolos com os nomes dos personagens de Malhação. Mas alguns deles bem que contribuem para isso. André Marques passou cinco anos no programa e chegou a comandar ao vivo a malfadada Malhação.com, que não resistiu muito tempo no ar. Seu recorde de permanência só foi batido este ano por Sérgio Hondjakoff, o Cabeção, há seis temporadas no "folheteen". "Acho que os adolescentes se identificam com ele porque é engraçado, meio maluco, alto-astral", aposta o ator.

Fernanda Nobre foi outra que chegou a fazer parte do time dos "veteranos". Depois de três anos na pele da mimada Bia, levou saudades. "Participei de um momento ótimo, com equipe excelente e audiência lá em cima", ressalta.

Já Priscila Fantin, que fez a Tati, quase não entra para o elenco. Em uma viagem de intercâmbio, ela recebeu o convite para integrar o elenco de apoio do programa, mas recusou. Impossível foi deixar de lado o convite para protagonista, que veio logo depois. "Vim no avião lendo o texto da Tatiana e fui direto para o Projac. Em menos de uma semana já estava gravando", lembra a atriz. Uma vez no "folheteen", as oportunidades não demoraram a aparecer. Nem para Priscila, que saiu direto para o papel central de Esperança, nem para atores como Iran Malfitano e Rafaela Mandelli, que protagonizaram a temporada de 2001 e garantiram papéis em Kubanacan. "Não tem jeito, é uma escola mesmo. A gente grava muito e é muito bem-assessorado", destaca Iran.

Instantâneas

# A temporada de estréia de Malhação se restringia ao relacionamento entre os adolescentes que freqüentavam uma academia de ginástica. O elenco era encabeçado por Juliana Martins, Danton Mello, Carolina Dieckman, Fernanda Rodrigues e Luigi Baricelli.

# O sucesso da Vagabanda na temporada passada de Malhação está rendendo frutos para Marjorie Estiano, intérprete da cantora Natasha, que acaba de gravar um CD pela Universal.

# Desde 1995, os casais de protagonistas de Malhação foram formados por: Danton Mello e Juliana Martins, Danton Mello e Camila Pitanga, Daniela Pessoa e Pedro Vasconcelos, Rodrigo Faro e Cássia Linhares, Priscila Fantin e Mário Frias, Ludmila Dayer e Fábio Azevedo, Rafaella Mandelli e Iran Malfitano, Juliana Silveira e Henri Castelli, Sérgio Marone e Manuela do Monte, Guilherme Berenguer e Juliana Didone, e os atuais Fernanda Vasconcelos e Thiago Rodrigues.





Fonte: TV Press

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