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Economia
Sexta - 22 de Abril de 2005 às 13:25

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Cinco municípios de Mato Grosso estão entre os 70 mais ricos do país, tendo como base o Produto Interno Bruto (PIB) por habitante. A economia das cinco cidades é voltada para o agronegócio, um dos setores que mais gera riquezas aos municípios, segundo uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A Petrobras e incentivos fiscais concedidos a montadoras e outros segmentos industriais também são fatores que contribuem para o enriquecimento das cidades.

Alto Taquari está em 22º lugar na pesquisa, com um PIB per capita anual de R$ 69.322,60. Em 58º está Santa Rita do Trivelato (R$ 41.974), Campos de Júlio em 62º (R$ 40.465), Alto Araguaia em 67º (R$ 38.359) e Sapezal em 68º (R$ 37.577). A cidade que está no topo da lista é Paulínia (SP), com R$ 407.941, por ser um pólo da indústria petroquímica e do setor sucroalcooleiro, em tese, cada um dos seus quase 59 mil habitantes produziu em 2002 R$ 407,9 mil.

A pesquisa da UFRGS, que tomou por base dados do IBGE e a arrecadação de estados e municípios, calculou o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos) das 5.561 cidades brasileiras em 2002. O estudo foi encomendado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) para orientar investidores que queiram ir para o interior do país. A pesquisa mostra mostra que o Rio de Janeiro, graças aos investimentos da Petrobras, e o Rio Grande do Sul, por conta da agricultura, agroindústria e incentivos fiscais, são os estados que, proporcionalmente, têm o maior número de municípios ricos. Apenas os dois estados respondem por mais de um terço (36%) dos 73 municípios que têm PIB per capita superior ao dos EUA (pela paridade do poder de compra).

PIB per capita

Dos 5.561 municípios, 1.080 tinham em 2002 renda per capita superior à média nacional, que era de aproximadamente R$ 7.600 naquele ano. Em outros 384, o PIB por habitante era maior que o dobro da média nacional — ou seja, pelo menos R$ 15 mil. Além disso, 73 municípios registravam PIB per capita superior a R$ 35 mil, maior que a média americana.

"O estudo é importante para os municípios terem seus dados disponíveis para atração de investimentos privados e para o planejamento da gestão, com vistas à geração de emprego e renda", disse o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Economia

O crescimento do setor agroindustrial faz com que vários municípios dedicados à atividade ocupem lugar de destaque no alto da pirâmide. Isso acontece mesmo em cidades pequenas de estados pobres. É o caso de Canhoba, em Sergipe. O terceiro município de maior renda per capita do país (R$ 234,2 mil) tem pouco mais de quatro mil habitantes, mas uma economia fortificada pela agroindústria e pela pecuária, com grandes criadores da raça nelore.

O presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Armando Monteiro, salientou que investimentos como os da Petrobras e da agroindústria proporcionam um desenvolvimento regional mais equilibrado. Segundo ele, a Petrobras é a empresa que mais investe no Brasil, com programas de US$ 5 bilhões a US$ 8 bilhões por ano nas áreas de petróleo e gás. Monteiro lembrou também a importância do agronegócio para o desenvolvimento de municípios brasileiros que, há dez anos, não tinham qualquer expressão, sobretudo em Mato Grosso.

"O setor gera renda que cria um círculo virtuoso na expansão das cidades. Já os incentivos da chamada guerra fiscal têm menor impacto sobre o desenvolvimento regional", observou.

Incentivo fiscal

A guerra fiscal, a que se refere o presidente da CNI, consiste na renúncia de impostos para atrair empresas. Mas uma das constatações do estudo da UFRGS é que esse tipo de incentivo pode não ajudar o desenvolvimento regional. "A guerra fiscal não multiplica os benefícios, porque cria-se bolsões de desenvolvimento que não são propagados para outros municípios".

Para o chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Neri, investimentos pesados, como os da Petrobras e do agronegócio, são importantes do ponto de vista econômico, mas não ajudam a reduzir a pobreza. Para ele, os incentivos fiscais foram importantes para cidades do Nordeste, mas para o país é um "jogo de soma zero".





Fonte: Redação com Globo Online

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