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Internacional
Sexta - 22 de Abril de 2005 às 12:54

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O Encontro Ibero-americano de Sevilha debateu nesta sexta-feira caminhos para o fortalecimento institucional na região e alertou sobre o risco de desilusão democrática que está aumentando devido à falta de avanços econômicos.

Os 150 políticos, economistas e representantes da cultura reunidos desde quinta-feira neste encontro, preparatório da XV cúpula de chefes de Estado e de governo que será realizada em Salamanca em outubro, refletiram sobre os desafios que a região enfrenta com a grave crise política no Equador como pano de fundo.

A mensagem coincidente incidiu na "insatisfação social" - nas palavras do secretário-geral da Comunidade Andina, o peruano Allan Wagner - que atinge os cidadãos da América Latina pelos poucos benefícios obtidos com a democracia.

Wagner referiu-se à sobrevivência de "tentações autoritárias" na região e disse que são conseqüências da "insatisfação social que existe e da precariedade do sistema institucional". A conseqüência, disse o ex-ministro peruano das Relações Exteriores, é "uma perda da legitimidade do Estado" e um desencanto pela democracia por parte dos cidadãos, que não se sentem representados pelo sistema de partidos políticos.

Na mesa em que foi debatido este assunto, com o título "O desafio do aprofundamento democrático na América Latina: fortalecimento institucional, cidadania, inclusão política e bom governo", Wagner apresentou sete propostas para reverter esta tendência.

O secretário-geral propôs devolver à política uma lista central, aumentar o emprego de qualidade, reduzir a brecha social, avançar na construção de "democracias cidadãs", combater frontalmente a corrupção, fomentar uma cultura política baseada no consenso e definir as características de um "novo estado democrático".

O espanhol Joan Prats, representante do Instituto Internacional para a Governabilidade, pediu às nações ibero-americanas que tomem consciência real dos problemas, olhem "para dentro" e trabalhem para ter governos "mais inclusivos".

"São necessários uma democracia, mais desenvolvimento e uma melhor identidade cultural que permita ter doses maiores de auto-estima", afirmou Prats, que pediu um "esforço de criatividade" e que os governos "estejam atentos à especificidade de cada país".

Prats também se referiu à necessidade de "melhorar a qualidade da representação política", e de conseguir "um sistema político em que todos se sintam representados, porque será a maneira de dar estabilidade aos Parlamentos e aos Executivos".

Outra peça fundamental, concluiu o especialista espanhol, é que os países realizem de uma vez por todas uma "grande reforma fiscal", para que quando houver um ciclo de crescimento "se possa redistribuir eficazmente" a riqueza.

No campo econômico, Aurora Díaz Rato, diretora geral de Cooperação com a América Latina do Ministério espanhol de Exteriores, pediu para "gerar processos a longo prazo que permitam romper o esquema de frustração permanente" instalado nas sociedades.

A diretora geral, que participou da mesa econômica em que foram examinados "Os desafios do desenvolvimento e a coesão social", considerou fundamental romper com a tendência histórica em que os ciclos de crescimento econômico não reduzem a desigualdade.

Díaz Rato afirmou que isso só será possível se enfrentarem com seriedade os desafios e disse que a comunidade ibero-americana é capaz de "dar algo à comunidade internacional com uma agenda econômica própria".

A América Latina, disse a representante espanhola, deve ter "uma voz própria nos foros multilaterais" para poder fixar suas próprias posições financeiras e comerciais, e colocar uma ênfase especial na importância das políticas regionais de integração.

A integração foi um conceito que se repetiu na terceira mesa de debate, a cultural, em que os conferentes analisaram os efeitos da globalização neste âmbito e alertaram sobre os riscos que atingem a diversidade de culturas do espaço ibero-americano.

Alfons Martinell, diretor-geral de Relações Culturais do ministério espanhol de Exteriores, disse que "não podemos perder nossas formas culturais pela pressão do mercado" e propôs elaborar "uma carta de cooperação cultural" para que "nossos produtos circulem e permitam escolher na diversidade".





Fonte: EFE

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