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Internacional
Quinta - 21 de Abril de 2005 às 20:04

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O novo presidente do Equador, Alfredo Palacio, se prepara para formar nesta quinta-feira um governo vigiado pelos cidadãos, que exigem uma renovação moral da política e a "refundação da República".

Palacio, um médico que afirma insistentemente que não é político, tem diante de si o desafio de responder às expectativas de um povo que está farto dos políticos e que ficou decepcionado com sua última tentativa de deixar o comando do país nas mãos de alguém que também se dizia "não político".

A chegada de Gutiérrez ao poder em 2003 foi interpretada como um castigo aos políticos tradicionais por ter alcançado o cargo com uma carreira fugaz que começou num tablado questionável.

Gutiérrez saltou à arena política ao apoiar uma revolta indígena que resultou na destituição do presidente Jamil Mahuad em 2000.

Pouco depois deixou o exército, fundou seu partido - Sociedade Patriótica - e se apresentou como candidato à presidência como uma alternativa de mudança.

Já no poder, as coisas mudaram e pouco a pouco aumentavam as vozes que o criticavam por ter dado as costas às promessas de campanha: lutar contra a corrupção, afastar-se de transações políticas e governar para o povo.

As críticas vinham de fora do governo, mas também de dentro: Alfredo Palacio questionou que Gutiérrez tinha esquecido de pagar a dívida social dando prioridade à dívida externa.

O povo espera que o discurso que Palacio manteve durante quase dois anos não mude agora que é ele quem tem o poder, um poder que não chega a ele como um cheque em branco, mas que agora estará vigiado, e de perto, por movimentos cidadãos.

Ao contrário de outras quedas de governo, como as de Abdala Bucaram e Jamil Mahuad, os equatorianos agora se declararam fartos de esperar respostas e começaram a se organizar para apresentar propostas, que deveriam se cristalizar no que o próprio Palacio ofereceu: um governo de combinação.

Os equatorianos estão desgostosos de tanta instabilidade e da repetição de nomes da vida política, e querem agora pessoas novas.

Os novos protagonistas da vida política do país poderiam emergir das Assembléias populares que estão sendo organizadas e que, embora estejam no ínício, já significam uma grande campanha para que Palacio aplique o que constantemente apregoa: "o poder está no povo".

Analistas afirmam que, independentemente da duração, este poder será um período de transição e de reconciliação.

Palacio, que disse que não permitirá ser manipulado, tem diante de si a dura tarefa de evitar os políticos de sempre que já começaram a falar de "voltar a fundar a pátria" mas sem apresentar propostas novas.

A formação do gabinete será a primeira mostra da direção que o novo Governo adotará, cujo primeiro passo não foi bem-visto por analistas.

Após uma desordenada entrevista coletiva no local onde assumiu o poder das mãos do Executivo, Palacio foi ao Ministério da Defesa para comparecer conjuntamente diante dos jornalistas com o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas, Víctor Hugo Rosero.

Nesta quinta-feira, a cidade de Quito, que na quarta-feira viveu fatos grandiosos, quando em menos de duas horas caiu o presidente Gutiérrez e seu então vice-presidente Palacio assumiu o cargo, o dia amanheceu em absoluta normalidade.

Os habitantes de Quito, que com seus protestos nas ruas contra Gutiérrez derrubaram seu governo, que perdeu o apoio das Forças Armadas e do Parlamento, retomaram seus trabalhos e suas atividades.

Os únicos sinais do que houve nesta quarta-feira são alguns restos de barricadas colocadas pelos manifestantes em várias vias de acesso a Quito e os centros educativos fechados para evitar complicações como as que muitas crianças sofreram nesta quarta-feira, em que os colégios ficaram bloqueados pelos incidentes na cidade.

Outro sinal são as conversas em ruas, escritórios e lojas, em que o tema é único e a pergunta unânime: "Quanto tempo Palacio ficará no poder?"





Fonte: EFE

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