Estrela do pop coloca o estilo no banco dos réus

O julgamento contra Michael Jackson, acusado de pedofilia, é pouco habitual. Nem nas roupas, uma vez que o acusado, longe de comparecer elegante e discreto, surpreende a cada dia com um novo estilo.

Desde que o processo começou na tranqüila Santa Maria (Califórnia), em janeiro, o chamado "rei do pop" não repetiu uma única roupa.

Modelos em branco, preto, azul marinho, azul-turquesa, grená e inclusive salmão coloriram suas passagens diárias pelo tribunal.

A procuradoria anunciou a intenção de concluir sua parte do processo no final da semana que vem, quando começará a vez da defesa num julgamento que pode se prolongar facilmente até junho.

Um longo processo que para Jackson precisa de um amplo leque de opções de roupas, que diariamente têm em comum o mesmo elemento: extravagante ou, no melhor dos casos, nada discreto.

Como os especialistas em julgamentos reconhecem - uma opinião corroborada pelo senso comum - no momento de comparecer a um tribunal, o acusado deve apresentar uma imagem discreta e respeitável.

O objetivo é não chamar a atenção para evitar que os membros do júri sejam influenciados pela aparência do réu e a interpretem como falta de respeito.

Jackson, de 46 anos, responde por um total de dez acusações criminais, quatro delas referentes a supostos abusos sexuais contra um menor de treze anos que sofria de câncer.

A sentença, se for declarado culpado, pode condená-lo a até 20 anos de prisão.

Ainda assim, o estilo do cantor continua sendo a surpresa diária neste julgamento, ao qual chegou a comparecer com suas já famosas calças de pijama azuis combinadas com uma jaqueta.

"É preciso lembrar que Michael Jackson não está acostumado a comparecer diante do público diariamente", tentou explicar uma pessoa próxima ao cantor.

O cantor de "Bad" e "Thriller", que durante anos impressionou o público com uma maneira de se vestir tão chamativa quanto sua música, encarou sua presença nos tribunais jurídicas como um novo palco.

Para isso conta com a assessoria de Michael Bush, durante anos responsável pelo seu figurino, e do costureiro Willie Scott, que já trabalhou com Prince e Louis Farrakhan, líder da organização radical negra Nação do Islã.

Segundo seu porta-voz, Jackson acorda diariamente às 04.00 horas para se preparar para o julgamento.

A exceção do dia do pijama, no qual supostamente chegou direto do hospital onde teria sido atendido depois de uma queda, sua roupa sempre inclui um terno.

No entanto, o estilo variou ao longo das semanas: do conjunto branco dos primeiros dias, com sua família também de branco como para ressaltar sua inocência, ao estilo colorido das últimas semanas.

Além disso, estão os acessórios. Sempre de braceletes em tons geralmente dourados, combinados com o tecido do colete e que Jackson descreveu como um detalhe da moda sem maior significado que o de criar tendências.

Há também as medalhas militares que ele ostenta em algumas ocasiões e que aparentemente não têm nenhuma relação com sua história pessoal ou a de sua família.