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Polícia Brasil
Quinta - 21 de Abril de 2005 às 09:16

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A Polícia de Mato Grosso investiga uma quadrilha que falsificava documentos para receber o seguro pago em casos de acidente de trânsito com vítima - o DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos em Via Terrestre).

Uma auditoria feita pela Fundação Nacional das Empresas do Seguro Privado (Fenaseg) aponta que pelo menos 200 pedidos do benefício no Estado são irregulares.

A certidão de óbito de Dyana Aurelina da Silva Cardozo, de apenas dois anos de idade, mostra que ela morreu atropelada no dia 28 de janeiro de 2004, na avenida Miguel Sutil, em Cuiabá. No endereço residencial, que consta na certidão, só existe uma construção inacabada e a vizinhança afirma que nunca ouviu falar na menina. Ninguém soube informar sobre a suposta morte da criança por atropelamento.

Jonas Lourenço, antigo morador do bairro onde seria a casa de Dyana, informou à nossa reportagem que nunca ouviu falar sobre o caso.

Este é apenas um dos casos de fraude apontado pela auditoria da Fenaseg.

O advogado da Fenaseg, Pedro Paulo Negrini, explicou, por telefone, como funcionava o esquema. "Documentos como certidões de óbito, laudos do Insituto Médico Legal (IML) e Boletins de Ocorrências (BOs) eram falsificados. Neste caso eles expediram documentos verdadeiros, relatando a causa da morte, e pessoas que tiveram em mãos esses documentos alteraram os nomes das vítimas periciadas".

Ainda de acordo com o advogado, a quadrilha teve acesso a vários documentos. "Fazer uma fraude dessas dá algum trabalho. A pessoa tem que criar um falso boletim de ocorrência policial, certidão de óbito e laudo do IML, como se os corpos tivessem sido examinados".

O diretor do Instituto Médico Legal em Cuiabá, Celso Serafim, reconhece que houve a fraude. "Foram falsificações grosseiras. Eles provavelmente escanearam um de nossos laudos e trocaram os nomes das vítimas e a causa mortis".

"Não posso dizer que sim, mas também não posso negar que houve envolvimento de algum funcionário do Instituto", disse Serafim.

O relatório feito pela Fenaseg foi encaminhado para a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso, que determinou a abertura de um inquérito para investigar o caso. As testemunhas começarão a ser ouvidas na próxima semana.

O delegado que comanda as investigações, Marcelo Francisco Pinto, diz que não está descartada a participação de funcionários públicos no esquema. "Se ficar comprovada a participação, com certeza eles serão responsabilizados".

Só no caso de indenização por morte, o DPVAT paga cerca de R$10 mil à família da vítima.





Fonte: Bom Dia MT

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