Romano Prodi diz que demissão do governo era uma obrigação

O líder da oposição italiana, Romano Prodi, definiu a demissão do governo de Silvio Berlusconi como "uma obrigação", já que os próprios cidadãos perderam a confiança no primeiro-ministro e demonstraram isso nas últimas eleições regionais, acredita.

"Em 2001 os italianos confiaram a responsabilidade do governo à centro-direita e, depois de quatro anos, os mesmos cidadãos, com seu voto, retiraram essa confiança", disse Prodi aos jornalistas, em referência à esmagadora derrota sofrida pela coalizão governante nas regionais de 3 e 4 de abril.

A demissão anunciada hoje por Berlusconi era, portanto, "uma obrigação", insistiu o ex-presidente da Comissão Européia, que lidera a aliança de centro-esquerda reunida sob o nome "A União".

Para Prodi, o comparecimento do primeiro-ministro ante o Senado para oficializar sua demissão só transmitiu "sua vontade de permanecer" no Governo, com "o enésimo reajuste", o que reflete "um enfoque errado" da crise.

O líder da oposição acrescentou que, na atual situação, a maioria de centro-direita "não parece capaz de garantir a força de governo necessária" e adiantou que os líderes da centro-esquerda se reunirão amanhã, para "avaliar, com seriedade e profundidade, a situação política criada com a demissão".

Em referência às previstas mudanças no novo Gabinete, que segundo o próprio Berlusconi "não serão muitas", Prodi lembrou que por meio de reajustes nos últimos anos já se mudaram as principais carteiras, entre elas a de Exteriores, Interior e Economia.

"As conseqüências não foram uma melhora da atividade do governo", disse Prodi.

Amanhã, devem começar as consultas do presidente da República com os partidos políticos para a formação do novo Governo.

Berlusconi apresentou a demissão do Executivo pressionado por seus aliados de centro-direita, que exigem uma mudança política visível, depois dos maus resultados eleitorais, embora garantiram o respaldo ao primeiro-ministro para que o novo Gabinete siga baixo seu presidência.