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Internacional
Quarta - 20 de Abril de 2005 às 19:33

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Quando foram queimadas as cédulas da última eleição papal na Capela Sistina, um cardeal ficou observando a história ser escrita.

"Eles colocaram os papéis e eu fiquei olhando", disse o cardeal inglês Cormac Murphy-O'Connor, relembrando o momento, na terça-feira, em que o forno da Capela Sistina produziu uma fumaça branca para dizer ao mundo que os prelados ali reunidos tinham escolhido um novo papa.

"Eu pensei: 'Vou observar isso porque talvez não tenha outra chance"', disse na quarta-feira Murphy-O'Connor, que, aos 72 anos, participou de seu primeiro conclave para eleger um novo chefe para a Igreja Católica.

O que Murphy-O'Connor e os outros 114 cardeais trancados na capela renascentista não sabiam é que, do lado de fora, o mundo ansioso não conseguiu definir, de início, se a fumaça era branca ¿ anunciando a eleição do novo pontífice ¿, ou preta, sinalizando uma não-definição.

Os cardeais não faziam idéia da confusão que dominava a Praça São Pedro, lotada com milhares de peregrinos, disse o inglês.

"Há uma pequena máquina que diz se a fumaça é preta ou branca, então achei que estava claro", disse o arcebispo de Westminster, líder de 4 milhões de católicos na Inglaterra e no País de Gales.

Quando o alemão Joseph Ratzinger foi eleito na quarta eleição do segundo dia de conclave secreto, os cardeais irromperam em aplausos, afirmou o arcebispo inglês.

"Todo mundo aplaudiu, mas ele estava com a cabeça abaixada. Acho que ele deve ter feito uma oração", disse Murphy-O'Connor.

Então, quando Ratzinger anunciou que adotaria o nome de Bento XVI, ele disse brincando aos cardeais que Bento XV tinha tido um "pontificado curto", contou outro participante do conclave, o cardeal austríaco Christoph Schoenborn.

Schoenborn disse à Rádio Vaticano que Ratzinger, em seguida, explicou o motivo verdadeiro para sua opção. "Bento XV foi um papa da paz em tempo de guerra", disse.

"Ele fez referência a são Bento de Nórcia, o pai do monasticismo, patrono da Europa e um homem de grande fé", disse Schoenborn.

Bento XV foi papa durante a Primeira Guerra Mundial, e seu pontificado durou de 1914 a 1922.

Depois que Bento XVI foi saudado pela multidão, ele e os cardeais se reuniram para jantar. A refeição foi acompanhada por champanha e músicas muito "agradáveis e apropriadas", disse o arcebispo inglês.

"Quando se passa por algo com companheirismo, com muita oração, muita atenção, e quando o resultado vem, há uma sensação de trabalho bem feito", disse Murphy-O'Connor. "O que fico imaginando é como ele deve ter se sentido."





Fonte: Reuters

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